segunda-feira, fevereiro 28, 2005

54. Política versus Hipocrisia



Não gosto de política. Muito menos de hipocrisia. Lamentavelmente, inúmeras vezes verificamos que uma é sinónimo da outra.
Quantas vezes abanamos, desoladamente, a cabeça num gesto de desaprovação perante esta ou aquela imagem que nos chega pela televisão... ou ante as notícias de um qualquer jornal?!

A uns, poderá parecer um atentado as palavras que me proponho, finalmente, a escrever. A outros nem tanto, mas não pude manter a, usual e aparente, indiferença quando passeei os olhos pela primeira página do Diário de Notícias: Santana deixa em aberto candidatura presidencial!
Surge a pergunta: Não terá sido a derrota, do passado dia 20 de Fevereiro, suficiente para demonstrar ao Sr. Lopes e aos santanistas qual é a opinião generalizada da população portuguesa?!

Da sua passagem pela Figueira da Foz fica a noção de ter contribuído para desenvolver o município, quer a nível económico-social como cultural. Em contrapartida, a sua actuação como presidente da Câmara Municipal de Lisboa valeu-lhe o erguer em riste dos dedos, não só da classe política como também, da população alfacinha.
Se nos referirmos à sua transição para o governo fica a imagem de uma ascensão imposta, que poderá incorrer na violação dos princípios, mais básicos, da democracia.

Depositou o seu voto numa das urnas eleitorais, aquando da saída de Durão Barroso? Elegeu este Primeiro-Ministro?
Eu... também não!

O desenrolar dos acontecimentos nacionais desde, 17 de Julho 2004, a data em que o XVI Governo Constitucional tomou posse, veio a confirmar os receios, tantas vezes, denunciados.
O descontentamento foi geral e o desgoverno uma realidade demasiado evidente para ser ignorada.

Bom vivant, marcado por uma personalidade que não prima pela força. Detentor de uma frágil visão analítica, desfasada das actuais necessidades do país, não só se mostrou insensato nas medidas propostas, como ainda denunciou que de coerência só tinha a suficiente para encaminhar Portugal para uma trajectória propícia ao completar de um total despiste da economia, das questões sociais e da cultura.

Em face de tudo isto, mais cego será aquele que não quer ver quais serão os resultados das presidenciais caso este Senhor... Senhor da boa noite lisboeta e das santanetes, se (atrever) a candidatar a Presidente da República.

Falta-lhe a visão apurada de Sá Carneiro, a coerência de Marcelo Rebelo de Sousa, até o empenhamento e determinação económica de Cavaco Silva. Diria até mais, nomeando personalidades de diferentes cores políticas. Carece da inteligência de Álvaro Cunhal e até da arrogância inata que, muitas vezes, tenho detectado em Sócrates.

Com que argumentos poderá, Santana Lopes, contestar a sua morte política que não sejam objectos delatores de uma hipocrisia sem fim?!
Com que credibilidade poderá, também, retomar a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, se assim o decidir?!

Muitos erros terão sido cometidos no governo de Guterres ou de Durão Barroso mas, certamente, não tantos como os encabeçados por aquele que passará o testemunho a Sócrates, no início de Março.

Alberto João Jardim chamou Sr Silva a um dos homens deste país que se poderá orgulhar de ser, mais que um político, um ser humano que faz valer a sua opinião. Eu... a este político sem política, que não seja a de botequim e se fosse Camilo Castelo Branco, não o apelidaria se não de botiqueiro.

Nesta altura, muito pouco haverá que possa acrescentar... ou talvez houvesse, se gostasse de política. Mas não gosto! Abomino-a como se tratasse de uma maleita do pior que há. Até o é! Ou não lidasse, todos os dias, com a dura realidade de impostos excessivos, trabalho precário, deficiente serviço de saúde, ensino à beira de um colapso... Puras consequências dela!

Incontestável será dizer que impera, neste pequeno pedaço de terra lusa, a necessidade urgente de se ser comandado, mais do que por um político, por um líder determinado e equilibrado.

Será Sócrates esse líder?!
A ver vamos...

Quem será o Senhor que se segue a Sampaio?!
A ver vamos... mas dúvidas não existem que Santana Lopes não será!

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