quarta-feira, agosto 22, 2007

129. Cor e Luz...


Não há escuridão que resista
quando o sol ou as estrelas
têm morada certa no nosso coração…
Não há nostalgia que insista
Quando mais que as telas
Se preenche a vida com cor e emoção
E consigo… consigo sentir a velha paz
Num encontro em que me reencontro
Com alegria e magia…!!!
O passado e o presente
Têm apenas o peso que lhes é devido!
Rio e rodopio enquanto descalça caminho,
A areia me afaga a pele
E, me deixo ir levada pela brisa,
Certa que do caminho não me desvio!
Quero ir por onde vou,
Sem contar se choveu ou nevou,
Porque dentro de mim há apenas o calor
De uma tarde de verão…
Que me incendeia,
Que me inebria,
Que me deixa assim…
viva e apaixonada,
pelas cores que vivem para lá de mim
mas que preenchem cada centímetro meu!
E nasce um suspiro,
Um murmúrio salgado,
Tão doce como o aroma que respiro
E tão desejado como esse beijo que é teu!
Teu… e meu esse beijo atirado ao vento!!

domingo, agosto 12, 2007

128. Despertar no fim da tarde


Passa o comboio…
Arrasa o silêncio melódico
Num fatídico desfecho…
Que é afinal o despertar,
Da nostalgia do fim da tarde,
Do capítulo que agora termina,
E da verdade que é genuína.
Deixem-me agora viver
E abeirar-me do fogo que arde…
Que até pode não me queimar,
Mas que também não insiste em teimar
Que é mais que euforia,
Chamamento exuberante da vida
Vivida num único compasso
A que chamam de alegria!

Uma música, o ser…
Um sentido, o toque
Um olhar, o conquistar
(..)
Porque dia após dia,
Noite após noite (é um facto!),
Eleva-se a doce consciência
De que me consigo deixar ir
Para lá do que é opaco
E tão parco em verdade…
Crescer, amadurecer não os anos
Mas o que é simplesmente personalidade!
Não me apontem o dedo,
Ainda que a medo,
Quando a ausência de fundamento
É uma pedra em telhado de vidro…
Deixem-me voar…
Naquele ritmo tão meu
Que apenas segue… persegue a plenitude
Do que sou, do que sobrou,
Da própria vida vivida em paz no meio da guerra,
Na perfeita harmonia com algo tão distinto da dor…
O Amor!!

Deixem-me sonhar…
E por fim no coração… acreditar
Mesmo que o sentido não exista…
Mesmo que a distância subsista…
Mesmo que o comboio passe
E só me faça despertar!!

Deixem-me ser, viver
Quem sabe gritar… amar!

quarta-feira, julho 18, 2007

127. Cumplicidades


O meu olhar flutua em ti,
Como uma carícia
Que apenas principia…
Num vértice oculto da vida,
Numa promessa velada e cúmplice
Que abarca, em si, tanto
de sonho como de realidade…
E se sobre a cidade desce a noite,
E se o tempo parece parar,
Ou se o coração ganha um novo ritmo
E as mãos se estendem…
Até tocarem a pele cálida,
Ou os contornos desse rosto…
Mais não digo:
Este pode ser o momento…
Agora olho na mesma direcção que tu,
Já não meço distâncias,
Tanto mais que ganhei um novo alento,
E não renego evidências!
Afinal, posso sonhar…
Rodopiar nas ondas,
Rir, sorrir com aquele encanto,
Canto da sereia, que nos seduz…
Como velhos marinheiros e nos atrai…
Um para o outro!!

Este pode ser o momento…

sábado, julho 14, 2007

126. Outro ser...


Olho para lá da Avenida
Onde mais que rio há vida
E no compasso das horas sonho…
Absorvida pela doçura do momento
Em que carrego dentro de mim
Algo mais que me dá alento…
Deixo-me levar pelo sentimento.
E se as palavras se soltam num dialecto,
Que não compreendes,
Que dificilmente entendes…
O erro é meu,
Não teu!!
Passou tanto tempo,
Talvez até de mais mas…
Nunca é tarde!!
Quero abraçar esta sensação…
Que já sinto entre os braços,
Que tanto me faz delirar
De tanto que arde…
E redescobrir a cada passada
Aquele sentir tão doce…
Porque nunca o esqueci,
Nem sempre o mereci,
Mas sempre aqui esteve!!
Ele!!O velho sonho,
De que a vida é assim…
Um livro que se lê devagarinho…
Mas com carinho…!!
E se agora não desisto,
Se chegou a hora em que insisto
Que a página não está em branco…
É porque de todas as frases escritas
Nenhuma faz mais sentido…
Do que aquela que é sussurrada neste banco…
E desenhada sem outra pressa…
Que não seja conjugada
na primeira pessoa… do plural!

Olho… olho para lá da Avenida
na harmonia completa… do Ser
Sem receio…

quinta-feira, julho 12, 2007

125. (Pre) Sentimento


Mostra-me o céu,
Que há em ti,
Aquele de que pressenti a existência…
Nas entrelinhas do que senti…
Quando nas horas cinzentas
Me abraçaste com o teu sorriso
E me garantiste que podia sonhar!

Quando murmuras palavras isentas
Que nunca antes ouvi,
Toco o teu rosto com o olhar,
Num enovelado de emoções
Que tento domar e continuar a ignorar
Quando, afinal, só quero acreditar…
Que posso voar
E tocar o azul lá de cima
Onde é tão fácil chegar
Quando, longe, estás perto de mim!
Dá-me o poder de entender
A magia do silêncio
E descobrir o paraíso no momento
Em que as mãos se entrelaçam
Como nós cúmplices…

Vou… por entre as pedras de calcário
Na paz do querer e do crer
Com os olhos postos no Tejo
E o pensamento lá longe
Na imensidão dos olhos que agora não vejo
E… mostra-me … mostra-me o céu
Daquele modo que, bem sei,
Só tu poderás!

Se antes não acreditei,
Se antes neguei,
Já passou tanto tempo
E pouco sabes disso…

Mostra-me o céu,
Que há em ti,
Aquele de que pressenti a existência…
Nas entrelinhas do que senti…

Não me deixes ir!
Não me deixes rir...
Do que não tem magia nem cor…

Não!! Não me deixes… ir…
Porque de certo só poderei…
Conjugar o verbo “partir”..
Na forma do “Ir”!!

sexta-feira, julho 06, 2007

124. Se..

Não há ondas no mar
Onde quero nadar
Até que o corpo me doa
E a alma deixe de sentir…
O que não posso nem quero,
Porque mais forte que tudo
É a vontade do amor…
Que não castra mas liberta!

Refrão:
Se me amasses compreendias,
Se me amasses entenderias,
Se me amasses aceitarias,
Que o amor não castra… liberta…

Passas por mim no Rossio,
Onde tudo é pedra e alcatrão,
Tão negro como a noite,
E sorrio como se fosses transparente
E não visse mais que a fonte…
Porque o sentimento não é obsessão!

Refrão:
Se me amasses compreendias,
Se me amasses entenderias,
Se me amasses aceitarias,
Que o amor não castra… liberta…

Se te digo que há mais ondas
Que marés…
Mais marés que dias…
Mas que uma delas me poderá levar
Para nunca mais voltar,
Duvidas e negas… cega…
Sem querer ouvir o que digo.

Refrão:
Se me amasses compreendias,
Se me amasses entenderias,
Se me amasses aceitarias,
Que o amor não castra… liberta…

quarta-feira, junho 20, 2007

123. Ilusões


Lembro-me daqueles dias
Como agora adias acordar
E ver que “já” não estou onde gostarias!
E porque fui?
E porque a emoção “já” não flúi
No mesmo compasso frenético?
É tão fácil, tão ironicamente fácil ir…
Partir sem fugir,
Quando constróis do nada, o tudo
E o tomas como certo…
A vida, a amizade, ou o amor são muito mais
Do que um sorriso aberto,
Uma palavra trocada num momento incerto
Ou qualquer olhar partilhado a medo!
Lembro-me daqueles dias
Como páginas de um livro folheado,
Na fracção de um segundo,
Na curiosidade desinteressada do instante,
quando o pensamento está distante,
E as palavras se baralham na visão de outro ver!
Moldas a realidade ao sonho
Como se fosse um mero actor…
Sem considerar que para lá da imagem
Há uma frase vincada a marcar a margem…
O limite, o “basta”… de ser o que não sou,
De sentir o que não sinto,
De revelar o que nunca revelei!!
A certeza mora no fundo da tua consciência,
Arrasa-te a vontade de acordar,
Até de aceitar…
(“já” não estou onde gostarias!)
porque, dentro de ti, mais forte que o sentimento
é o intento desesperado da imaginação
de transformar a indiferença em coração!
E mais não digo!
Não consigo…
Porque mais não persigo que a verdade
Que me vem da vontade
De me igualar a mim própria…
Eu… que nunca te faltei com a sinceridade…

A vida, a amizade, ou o amor são muito mais!

Lembro-me daqueles dias
Como páginas de um livro folheado…

quinta-feira, maio 24, 2007

122. Sentido sem ti

Por causa de ti
Não fiquei nem parti
E deixei-me ficar no limbo,
A ver passar os dias contados em anos,
A esquecer o negrume,
A rejuvenescer os sonhos,
A confiar na voz desconhecida,
Ou na maré não abraçada
Na certeza que a memória
Ou, tão só, o coração te traria de volta…

Por causa de ti
Não se esvanece o sorriso,
Nem a doçura do toque,
Ou o ritmo cardíaco que me move
E me garante que amanhã…
Estarás ainda aqui…

Por causa de ti
Aprendi a confiar, a não temer,
Também a amar e a não esquecer…
Porque se não for agora, será amanhã!
O elo é mais forte que tudo,
Por mais que o tudo teime…
Que vence a doce rajada de vento
Que mantém aceso o fogo!

Por causa de ti…

Quando se sente assim a vida,
Não há convicção que não resista!

É!! É por causa de ti…
Que o gelo não me queima a pele
E nunca, nunca, deixei de te querer…
Mas a hora que agora chega faz-me sofrer
Porque a ironia do destino quis
Que o reencontro fosse marcado pelo desencontro
E se conjugasse o verbo “perder”…

Tão longe e tão perto,
Flutua o sono, ou o sonho…
Fascina-me a alegria do teu riso
E no conciso das palavras poder dizer:
A esperança nunca há-de ceder
perante a adversidade da aparente sina…!!

Se não for agora, será amanhã!!

E no meu rosto,
Rosto que tens impresso em ti,
Desenha-se com gosto
O sorriso que sabes de cor…

Se não for agora, será amanhã!!
Confia em… (mim) ti!!



terça-feira, maio 01, 2007

122. Conta-me...


Conta-me os porquês
Que gostava de responder
Quando olho para ti,
Tão homem e tão menino,
E descubro um medo sem fim
De que o amor não seja assim!

O que te levará a não acreditar,
A teimar em não ver, nem ouvir,
Que a vida é mesmo o que recusas
Quando te contentas em contemplar…
do lado de cá do palco?!

Abraço-te sem sentires,
Acarinho a tua face…
Sem pressentires,
Movida por um amor…
Que não é mais que o de amiga
Mas que só a muito custo identificas
E não temas…!!
A saudade é apenas a vontade de te ter assim,
Num outro patamar
Onde nada me faz hesitar,
E onde a luz me faz girar
Na certeza que um dia…
Vais olhar para dentro de ti,
Descobrir a chama…
E admitir numa infinita alegria
Que eu estava certa…!!
Tão certa ao te pedir
Para te deixares conquistar…

Sorrio por entre a brisa
E espero pelo teu olhar,
Pela tua voz rouca e calma,
Pelo aconchego de saber
Que a réstia de pavor te abandonou
E que o momento é de amor…

Por aí, num recanto qualquer…
Perdida em pensamentos
E desejos que são os teus,
Está aquela que te fará acordar…
Entre olhares sorridentes,
Suspiros crescentes,
E partilhas urgentes…

Acredita em mim!
O Amor é assim!
…chega, de mansinho,
quando menos se espera
e quando já, na sua ausência, se desespera!!

domingo, abril 22, 2007

121. OLX - Venda de Bebé em Almargem Do Bispo



Desabafo a que não resisti...
OLX - Venda de Bebé em Almargem Do Bispo

Há uns chocava-se o nosso país com a venda de bebés noutros locais do planeta, chocava-se ainda por outros males, como a violação dos direitos humanos em países subdesenvolvidos, com a corrupção dos políticos no Brasil, com isto e aquilo... mas a verdade é que hoje abraçamos, de uma vez só, idênticas maleitas sociais.

Escusado será dizer que o país está em crise mas isso não quer dizer que se caia em tamanha decadência!

No que respeita ao fatídico "anúncio", a ideia de que alguém possa sequer pensar em vender um bebé é repugnante!! Revoltante!! Chocante!!

Por vezes dou por mim a comparar Portugal a um barco à deriva e saber que, infelizmente, não há neste país uma lei que puna este "crime" só acentua esse pensamento!

Confrontada com as notícias dos jornais não deixei de pensar um instante nesta situação e de me colocar sérias questões… e se um pedófilo comprar a criança, ou se for comprada por quem se farte dela aos primeiros choros e a maltrate ou a abandone, ou se...

Não estará de alguma forma a justiça portuguesa, por existir esta lacuna legal, a ser conivente com algo que incorre na violação dos direitos da criança? Questões...

Por motivos pessoais, a ideia de vir a adoptar uma criança dentro de alguns anos atrai-me, no entanto era incapaz de incorrer em semelhante prática. Uma criança não é uma embalagem de leite que se compra no supermercado... é um ser humano que não pediu para nascer e que merece todo o nosso respeito e amor. O ser "pseudo" humano que a colocou à venda só pode ser um mostro daqueles que julgávamos existir apenas na ficção cientifica!

É ultrajante que em pleno século XXI e numa época em que cada vez mais se fala em direitos da criança, direitos da mulher, direitos... se cometam semelhantes CRIMES!!

Colocadas estas e outras perguntas também se coloca a seguinte: Trata-se de uma brincadeira de mau gosto?!

Mesmo que o seja e pelo carácter que tem intrínseco deveria ser igualmente punível por lei! De uma forma ou de outra ninguém inteligente, com respeito pelas crianças e pelo próximo cometeria a aberração de colocar semelhante anúncio.

É nestas alturas que me repito... Ai!! Se eu mandasse...

Apontamento

Idênticos anúncios foram publicados no Olx de países como Espanha, Irlanda, EUA, Reino Unido, Belgica, Canadá, Austrália...

quinta-feira, abril 12, 2007

120. Tarde ou Cedo


A lua desce para lá da imensidão
E o sol esmoreceu no fim de nenhures…
Naquele último segundo de paixão!

É tarde… ou cedo de mais!!
Entras na roda viva e tão depressa sais…
Que no corrupio da pressa
As palavras ficaram suspensas
Porque morreram antes de nascerem
E as horas são segundos
Que não quebram o que pensas
Ou teimas em pensar…!!

Não… não me encontras ao virar da esquina,
Na dobra fina da esquadria,
Porque me escondo na sombra
E se por um acaso me sentes a respiração
Protege-me a tua falível sensação…
De ser vento ou aragem,
Quiçá ilusão ou miragem!

Dia após dia, noite após noite,
Eu sei, estou aqui…
Tão perto e tão longe,
Acessível ao estender da mão que retrais…
Eu… que perdida no meio do sonho e da realidade,
Quero mais, muito mais do que podes dar,
Do que posso oferecer!

Desço a calçada, atravesso a rua,
Levo a alma nua,
Um meio sorriso a brincar nos lábios…
Um suspiro a soltar-se do peito!

Esta tarde, ao romper das trevas,
Voltei a esgueirar-me entre os fantasmas
E a divertir-me neste jogo…
Em que perdes tu e perco eu,
Consciente de que vêm e vão os anos,
Arde, intenso e vivaz, o fogo…
Mas… já tanto me faz…
Despedi-me há tanto, tanto que esqueci…
O sabor, o aroma…
Agora quero ir,
Anseio mais que fugir, partir…
Descobrir o lado de cá ou de lá,
Na certeza que é efémero o momento
Que aqui vivo…
Porque outros caminhos nos juntarão
Quando não nos dominar o peso da recordação!

A lua, o sol… para lá do fim, o princípio!