domingo, fevereiro 17, 2008

132. Almas Gémeas


Domingo…

O sol escondeu-se atrás das nuvens e nenhum de nós o avistou ou terei sido apenas eu que hibernei no aconchego da casa?!

Seja como for, atrevi-me, enquanto não vencia a preguiça momentânea, a debruçar a minha atenção sobre um tema já muito debatido e na maior parte das vezes de forma incorrecta: Almas gémeas.

A muitos ocorrerá a imagem de duas pessoas apaixonadas, unidas por uma sublime sintonia, no entanto a outros, mais informados, apenas se afigurará uma outra baseada num conhecimento impar. Esta última é certamente a que mais se coaduna com a Teoria Monádica, proposta por Joshua David Stone, em que a alma se divide em 12 extensões que experimentam a matéria e por sua vez são as apelidadas de almas gémeas.
Muito mais se poderia escrever sobre esta teoria mas o cerne da questão que me levou a escrever meia dúzia de palavras sobre ela é apenas aquele que nos elucida sobre o dispare que existe entre o mito e a realidade.

O conceito de que Alma Gémea é o grande amor, por muito que nos faça sonhar, terá de ser desmistificado se quisermos ser menos utópicos, já que na realidade todos nos poderemos cruzar com uma que se apresente nas nossas vidas sob outra configuração: um familiar, um amigo, um conhecido…

Uma Alma Gémea poderá não ter por missão fazer-nos acelerar o coração e até poderá ser aquela que nos faz sentir o calor do inferno. Na verdade não importa a relação mas a mais-valia que a sua presença nos trará para evoluirmos e nos conhecermos melhor.

Apesar de tudo, o ser humano prefere continuar a acreditar que a Alma Gémea é aquela que nos retirará o peso da solidão e nos haverá de devolver o mais largo dos sorrisos…

Domingo…

A chuva cai lá fora e só o sei porque espreitei pela janela, não cerrei os olhos e me atrevi a deixar fluir o momento.

O dia passa e o pensamento fica: Há amigos que são Almas Gémeas…

domingo, fevereiro 10, 2008

131. O destino e o tempo


Como num passo de salsa,
Ou como em todas as coisas,
Que não encontramos num catálogo…
Eu aqui e tu ai, num mudo diálogo,
Em que dançam apenas os nossos olhos
Quando do ombro desce a alça,
E, como num filme a branco e negro,
O vinho e o sangue se confundem.
Hoje demos por terminado o dia
Em que as palavras se fundem…
Numa meia verdade que nos assedia
E os corpos se refundem
Numa timidez que sem ser falsa,
Já não nos faz falta.
Como num passo de salsa
Todo ele calor e sensualidade,
As mãos cruzam-se,
As faces roçam quentes e suadas
E nem o branco nem o negro
Nos embala o pensamento…
As cores usam-se e abusam-se
Sem necessidade de ser condenadas!
É nesta fúria, fúria dos sentidos,
Que urge o momento
Em que o encontro…
Sucede ao desencontro
E se nos toma o tormento
Em que razão se contrapõe ao coração,
Também nos assola a vontade
e tudo quanto nos há-de juntar
como um dia nos fez sonhar!
Eu aqui e tu ai, num mudo diálogo,
Como num passo de salsa,
Movidos ao ritmo de algo intenso,
Intemporal, quase irreal…
Que o destino quis suspenso
E o tempo eterno!

Eterno como só o amor pode ser!!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

130. Olhares (sobre o rio)


Sem olhar para trás,
Sem ocultar o que a vida nos trás,
Quando te vejo, sorrio
E perco-me na profundidade do rio!!
Queimo por dentro!!
Só uma palavra tua,
Um pequeno esboçar de lábios
E já me sinto ir pelo mar adentro
Como se abraçasse a lua
E comandasse mil navios…
Tento ou intento manter a calma!
Nada do que sinto faz sentido
E menos nexo têm as palavras
Mas a culpa é desta minha alma…
Que se move num sonho perdido
E em terras que não lavras!
Sou como um animal selvagem,
Cativo da doçura do teu olhar
E de fúria libertada por ver cair o céu…
Que significa esta viagem,
Impossível de esquecer na minha fradgilidade?
Porque te deixo escapar
E cubro o coração com opaco véu
Que tinge de negro a verdade?!
Aqui estou, afogada em duvidas,
Dividida em duas vidas
Entre o ficar e o partir,
Como se afinal só quisesse fugir
Deste meu coração latino
Que me traz em desatino…
Porque me derrota o saber
Que o meu é também o teu… querer!!

Sem olhar para trás,
Sem ocultar o que a vida nos trás,
Quando te vejo, sorrio
E perco-me na profundidade do rio!!

O nosso rio...