quarta-feira, fevereiro 09, 2005

43. "Amo-te, sinto-o sem saber..."
Maria Teresa Horta





"Amo-te, sinto-o sem saber à beira das ondas que à minha frente se desdobram, sobem por dentro do seu interior de ónix e em seguida se tecem e enovelam numa vertigem entontecida de sal e de esplendor, se dobram, se encurvam e estendem, vindo por fim desenrolarem-se bruscas a meus pés, espuma branca fazendo de algemas fechadas em torno dos meus tornozelos."

Maria Teresa Horta
In Contos de Verão, Diário de Noticias, 12 Agosto




Amo-te, sinto-o sem saber...
Talvez, sem ter como o reconhecer.
Porque os dias tardam a chegar.
Porque o sonho é menos que amar.
Porque a vida assim o quis!

Amo-te, sinto-o sem saber...
Quando à noite te relembro o rosto.
Sem te dar um nome.
Sem te conhecer o paradeiro.
Sem, sequer, te saber verdadeiro!

Amo-te, sinto-o sem saber...
Nos momentos em que perco o olhar,
Para lá das ondas do mar.
Para lá do horizonte...
Onde navega a essência do meu ser!

Amo-te, sinto-o sem saber...
Enquanto o emaranhado de emoções...
Me assalta a alma...
Me subtrai da realidade,
desnudando a aparente calma.


Mesmo agora em que quase te reconheço
O cheiro... a voz... o toque...
o carinho... o abraço... o beijo...
no doce embalo da madrugada, que não tarda,
continuo, persistente, a acreditar que...

Amo-te, sinto-o... sem saber!

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