117. Considerações...
O momento é dedicado a algo tão básico como devaneios trazidos pelo quotidiano de um país que muitos apelidam de barco à deriva. Certo ou não, a verdade é que as remunerações auferidas para uma enorme percentagem da população estão além do desejado ou do suficiente para garantir uma qualidade de vida desejável.
Hoje, debruço-me sobre a velha questão: O que é qualidade de vida?! Será ter uma casa nova, um bom carro, vestir os trapinhos da moda, correr todo o santo dia, sem ter prazer com a actividade profissional desenvolvida, ou tempo para respirar?!
Mais grave sem tempo para estar com os que amamos e descansar o suficiente para não nos assemelharmos a cadáveres ambulantes?!
É verdade que sou apelidada de workaholic por meia-dúzia de pessoas, que saio tarde do trabalho e só depois de sentir que cumpri a missão, mas há contornos na minha vida pessoal que não gosto de descurar, como é o caso da família e dos amigos.
Recentemente fiz uma breve tentativa de conjugar dois empregos, um em regime de full-time e outro part-time, como obviamente só poderia ser. Inicialmente, afigurou-se simples, pelo menos até perceber que não tinha como contornar a questão de trabalhar todos os sábados, de tarde.
Vi-me, então a braços com algumas questões interessantes, já que passaria a dispor de um orçamento muito mais atractivo mas teria que prescindir das viagens a Castelo Branco e dos fins-de-semana com a família, de jantar convenientemente, de ler, escrever ou qualquer outra actividade que me desse prazer, para além de não conseguir manter a habitual produtividade atendendo a que estava excluída qualquer possibilidade de ficar além do horário para concluir este ou aquele processo.
O nível de stress a que me vi sujeita impedia-me de descontrair e uma hora antes de sair do primeiro emprego já a cabeça parecia o palco de uma furiosa tempestade, o corpo se contorcia em cãibras e o sorriso se tornava menos frequente. Em resumo, prefiro a ginástica mensal de gerir um orçamento limitado a perder o que considero elementos importantes da verdadeira qualidade de vida.
Tudo isto é discutível, baseado apenas na minha vivência pessoal, na visão que tenho da vida, e no facto de que um segundo emprego não se destinava a garantir bens de primeira necessidade, mas lanço um desafio... O que é para vocês qualidade de vida?!