quarta-feira, julho 18, 2007

127. Cumplicidades


O meu olhar flutua em ti,
Como uma carícia
Que apenas principia…
Num vértice oculto da vida,
Numa promessa velada e cúmplice
Que abarca, em si, tanto
de sonho como de realidade…
E se sobre a cidade desce a noite,
E se o tempo parece parar,
Ou se o coração ganha um novo ritmo
E as mãos se estendem…
Até tocarem a pele cálida,
Ou os contornos desse rosto…
Mais não digo:
Este pode ser o momento…
Agora olho na mesma direcção que tu,
Já não meço distâncias,
Tanto mais que ganhei um novo alento,
E não renego evidências!
Afinal, posso sonhar…
Rodopiar nas ondas,
Rir, sorrir com aquele encanto,
Canto da sereia, que nos seduz…
Como velhos marinheiros e nos atrai…
Um para o outro!!

Este pode ser o momento…

sábado, julho 14, 2007

126. Outro ser...


Olho para lá da Avenida
Onde mais que rio há vida
E no compasso das horas sonho…
Absorvida pela doçura do momento
Em que carrego dentro de mim
Algo mais que me dá alento…
Deixo-me levar pelo sentimento.
E se as palavras se soltam num dialecto,
Que não compreendes,
Que dificilmente entendes…
O erro é meu,
Não teu!!
Passou tanto tempo,
Talvez até de mais mas…
Nunca é tarde!!
Quero abraçar esta sensação…
Que já sinto entre os braços,
Que tanto me faz delirar
De tanto que arde…
E redescobrir a cada passada
Aquele sentir tão doce…
Porque nunca o esqueci,
Nem sempre o mereci,
Mas sempre aqui esteve!!
Ele!!O velho sonho,
De que a vida é assim…
Um livro que se lê devagarinho…
Mas com carinho…!!
E se agora não desisto,
Se chegou a hora em que insisto
Que a página não está em branco…
É porque de todas as frases escritas
Nenhuma faz mais sentido…
Do que aquela que é sussurrada neste banco…
E desenhada sem outra pressa…
Que não seja conjugada
na primeira pessoa… do plural!

Olho… olho para lá da Avenida
na harmonia completa… do Ser
Sem receio…

quinta-feira, julho 12, 2007

125. (Pre) Sentimento


Mostra-me o céu,
Que há em ti,
Aquele de que pressenti a existência…
Nas entrelinhas do que senti…
Quando nas horas cinzentas
Me abraçaste com o teu sorriso
E me garantiste que podia sonhar!

Quando murmuras palavras isentas
Que nunca antes ouvi,
Toco o teu rosto com o olhar,
Num enovelado de emoções
Que tento domar e continuar a ignorar
Quando, afinal, só quero acreditar…
Que posso voar
E tocar o azul lá de cima
Onde é tão fácil chegar
Quando, longe, estás perto de mim!
Dá-me o poder de entender
A magia do silêncio
E descobrir o paraíso no momento
Em que as mãos se entrelaçam
Como nós cúmplices…

Vou… por entre as pedras de calcário
Na paz do querer e do crer
Com os olhos postos no Tejo
E o pensamento lá longe
Na imensidão dos olhos que agora não vejo
E… mostra-me … mostra-me o céu
Daquele modo que, bem sei,
Só tu poderás!

Se antes não acreditei,
Se antes neguei,
Já passou tanto tempo
E pouco sabes disso…

Mostra-me o céu,
Que há em ti,
Aquele de que pressenti a existência…
Nas entrelinhas do que senti…

Não me deixes ir!
Não me deixes rir...
Do que não tem magia nem cor…

Não!! Não me deixes… ir…
Porque de certo só poderei…
Conjugar o verbo “partir”..
Na forma do “Ir”!!

sexta-feira, julho 06, 2007

124. Se..

Não há ondas no mar
Onde quero nadar
Até que o corpo me doa
E a alma deixe de sentir…
O que não posso nem quero,
Porque mais forte que tudo
É a vontade do amor…
Que não castra mas liberta!

Refrão:
Se me amasses compreendias,
Se me amasses entenderias,
Se me amasses aceitarias,
Que o amor não castra… liberta…

Passas por mim no Rossio,
Onde tudo é pedra e alcatrão,
Tão negro como a noite,
E sorrio como se fosses transparente
E não visse mais que a fonte…
Porque o sentimento não é obsessão!

Refrão:
Se me amasses compreendias,
Se me amasses entenderias,
Se me amasses aceitarias,
Que o amor não castra… liberta…

Se te digo que há mais ondas
Que marés…
Mais marés que dias…
Mas que uma delas me poderá levar
Para nunca mais voltar,
Duvidas e negas… cega…
Sem querer ouvir o que digo.

Refrão:
Se me amasses compreendias,
Se me amasses entenderias,
Se me amasses aceitarias,
Que o amor não castra… liberta…