domingo, janeiro 29, 2006

112. Vibrações


Descem os dedos esguios pelo rosto,
Chega a noite mansa e terna
E no ar a música flui como magia!
Poderá ser o último dia,
Ou o primeiro...
Quem saberá?!
Vibro ao ritmo dos acordes
Como se o corpo não fosse comandado pela mente
E dos olhos, janela aberta, espreita a emoção!

Rio. Rodopio. Mãos nas mãos.
Cálida como carícia, a respiração.
E nela me perco, sem me querer encontrar.
Esboço um tímido sorriso,
Ao mesmo tempo que quero ser,
Ao mesmo tempo que sou,
Voragem numa tarde de Outono
Vivaz e ansiosa...

Feliz aprendiz de feiticeira que não sou,
Abraço a vida com a fúria dos lutadores
E a calma pacata dos que têm o dom de saber aguardar...
E sorrio... desafio os segundos ou os minutos a passar,
Porque me aproximo,
E aprendi a acreditar... confiar,
Na onda que me devolve à praia,
Na voz secreta e misteriosa que me fala de ti!

terça-feira, janeiro 24, 2006

111. Saudade menina


A saudade é já menina
Quando os teus olhos brilham
E as palavras se quedam sufocadas
Nos lábios que insistem em sorrir.

Dentro de mim a doçura
Desprende-se da rebeldia do coração
E mesmo sem querer...
o carinho...
invade cada recanto da nossa essência e transborda...
num abraço que antecipa não a despedida mas o até já...
E se reparo que as mãos te tremem,
E se reparo que os traços do teu rosto
Procuram mascarar a emoção,
É porque os acordes que o silêncio nos devolve
são reflexo da sintonia do momento...

Inegável!

Inegável a empatia,
A partilha mágica do sorriso
ou o saber que por instantes
A única vibração palpável
Foi aquela que brotou,
Alheia a olhares indiscretos e incrédulos,
Sincera, suave e intensa,
Tão muda quanto gritante,
E que ecoou muito depois de teres ido...
Muito depois de ter acontecido...
Aquela que só é possível quando se pressente
a saudade, estando presente!

domingo, janeiro 15, 2006

110. Exposição de Pintura


A noite ou o dia descem sobre a cidade inalando a essência do que nos move enquanto humanos errantes e racionais.
Fascinam-nos os tons azuis, verdes, vermelhos... do que nos cerca e vibramos com os acordes desta ou daquela música.
É das cores primárias à total saturação da cor, que damos meia-dúzia de passos que associados à denúncia dos sentimentos, emoções e da própria visão que cada um tem da vida, trazem à luz do sol ou de qualquer foco as pinceladas mais ou menos definidas do que vai na alma.
Retrata-se a vida, o conflito, a saudade, a nostalgia, a alegria, a fusão, a euforia... com definição ou não, mas com a mesma intensa imagem do que nos enche o coração e transborda para a tela.
De repente insurge-se a imagem do mar, a imensidão azul que nos seduz e provoca. Quantas vezes não nos envolve um tumulto de emoções e é nele que procuramos refúgio seja Verão ou Inverno?!
Nem só quando o Sol nos queima a pele se percorre a praia e se aproveita o fim de tarde para escapar à azáfama da cidade. Quem não gostará de um momento assim?! É partindo desta ideia que o Angel’s Bar, mesmo fora da estação balenear, nos habituou periodicamente a eventos que certamente a muitos delicia.
Localizado na praia de Carcavelos, assume-se como um espaço onde reina o dinamismo e a alegria.
"Único Cybercafé situado numa praia em Portugal, dispõe de dois pisos, sendo o superior um terraço com vista panorâmica e uma zona de solário apoiados com um bar. Tem, também, uma escola de surf com cerca de 300 alunos, uma escola de "Beach Tennis" que está em fase de início mas já com alguns torneios efectuados." No seu currículum conta já com inumeráveis exposições de pintura e fotografia, música ao vivo, concursos de bandas de covers e originais, passagens de modelos, sessões fotográficas, publicitárias e de promoções, festas temáticas e muitas outras actividades de entretenimento e lazer.

Até dia 10 de Fevereiro apresenta não só as habituais actividades musicais, ao sábado, mas também uma Exposição de Pintura.
Os quadros de autoria de Tino Amaro e Maria Nunes são uma mostra de diferentes interpretações dos sentimentos e emoções que invadem o quotidiano de cada um.

Os dois amigos reuniram alguns dos trabalhos que têm vindo a realizar e conjuntamente com o Angel’s Bar agradecem a sua visita.

domingo, janeiro 08, 2006

109. Códigos


Ter ou não ter mais nada
Que sete vidas em cada seis segundos
sem esquecer que os sonhos são tão profundos...
Doces e abstractos, como o destino.

Ter ou não ter mais nada
Que oito, talvez quatro, porções mágicas
Daquele que é o cintilante elixir... da caminhada,
E que afasta do trilho o negrume cerrado,
Que à noite tudo envolve.

Ah!! Ter ou não ter... mais nada
Que oito, cinco ou três...
Ou um único momento de felicidade...
Aquele em que decifrada a charada
Se conquista a sublime sensação
E se escuta embevecido a voz...

Ter ou não ter?! Mais?! Nada?!

A voz! O toque! A descoberta... ou o código!

quarta-feira, janeiro 04, 2006

108. Rio. Sorrio. Rodopio...


Rio, sorrio, rodopio,
E tal qual um navio,
navego ao sabor do vento,
apaixonada pela maresia,
amada pela cotovia.
Que venha a tormenta!
Não há onda que me detenha,
Nuvem que me abale!
Nada. Nada me sustenha!

A essência?! O Sol!

Rasgo a imensidão azul,
Bebo as gotas de orvalho e sinto-lhes o sal.
Embala-me o sonho,
Inebria-me o perfume a mar e continuo...
Rumo traçado, porto desafio,
crio, invento e num tresloucado delírio brinco.
Gozo as palavras que pronuncio...
E que guio por entre a sedutora bruma
Que vejo, que beijo... quando se impõe o silencio.

A alegria é plena, intensa e profunda
Neste segundo, neste minuto, nesta hora,
Em que já nada lembra do ano que findou...
E tudo é ânsia de viver o novo que chegou!

Rio, sorrio, rodopio...
E sem conseguir quebrar o encanto
Ergo a fronte
Estendo o olhar para lá do horizonte
Desenhando no ar o pronúncio anunciado...
do que é mais que vazio...
que chega tão manso e discreto,
Como a pena que acaricia a folha de papel
Ou aquele olhar,
Quieto,
Penetrante,
Feito de promessas e de mel,
Que tarda mas não foge!

Rio. Sorrio. Rodopio e acordo!
Como é bom estar aqui! E aí!





Este poema, escrito numa daquelas horas em que a noite já vai longa, é uma tentativa de vos desejar um Feliz 2006... cheio de sonhos, alegrias, força e muito sol a abrilhantar os dias! Espero de algum modo ter passado a mensagem.

Aproveito, ainda, este apontamento para vos comunicar que não desisti de escrever o romance "Os laços e as sombras", simplesmente não continuará a ser editado no blog. Se pretenderem ler os capítulos que se seguem agradeço que me comuniquem enviando um email para exerciciosdeescrita@sapo.pt. Periodicamente enviarei a continuação.

Obrigada a todos.

Um beijinho e até breve.