quarta-feira, março 30, 2005

70. Quatro meses de blogoesfera...



Quatro meses de blogoesfera permitiram o alargar dos horizontes e redescobrir o prazer de escrever assiduamente.
Todos os dias, quatro, cinco, seis horas são dedicadas a preparar textos, a ler a amiga “concorrência” e a deixar, aqui e ali, uma opinião que se pretende pessoal e intransmissível.

Da curta história do blogue Exercícios de Escrita poder-se-à revelar que teve uma primeira e breve edição alojada no blogs.sapo.pt, não divulgada nos motores de pesquisa e, portanto, tão anónima como o são os sonhos que não se ousam sonhar.

A 30 de Novembro de 2004, seis meses depois da primeira tentativa se ter revelado infrutífera e insatisfatória, surge online a versão actual, alojada no Blogger.
A determinação imperou, desta vez.
Das muitas leituras sobre linguagem HTML e edição de blogues adquiriram-se os saberes necessários para alterar um ou outro aspecto da template inicial e melhorar o formato.
Com formação na área do ensino, mais especificamente ao nível da educação visual e tecnológica, os conhecimentos de informática e programação eram manifestamente insuficientes.
Descobrir como inserir um link, um contador de visitas ou formatar o texto para que se aparecesse justificado ou centrado ilustrando-o uma imagem, foi uma aventura.

Em Dezembro, o primeiro link para o EE surgiu no Desordem Pública.
Outros se seguiram... Exacto, Nómadas Perdidos, Tá de Noite, Mug Music, A Bordo, Rua da Judiaria, Eelko Van Mulder, Tribulandia, Estradas Perdidas, Lobices, Escrita, O Culto da Ostra, Garfiar, George Cassiel, Os (In)separáveis, Palavra Imagem, Seita da Luz, Paz Kardo, Palavras Perdidas, Levithan, Graças a Deus Sou Ateu!, CarlosFranquinho.com, Pantalassa, Acrescenta Um Ponto, Eco da Minha Voz...

(Seria injusto não referir outros blogues onde o EE e a autora foram mencionados como foi o caso d' O Meu Caderno, do Sorumbático, ou ainda do Escrita Solta...)

Actualmente, a chegar aos nove mil acessos, começa a ser conhecido. O trabalho é muito mas como diz o povo português “quem corre por gosto não cansa”.

Da autora, muito pouco haverá a revelar. É uma das muitas figuras anónimas que nestas lides se movimentam. Registrada, no seu percurso, fica a incursão esporádica na pintura, ilustração e na escrita. Actividades desenvolvidas a título de hobbie com o sabor adocicado de algo mais do que isso.

O certo é que, dos prematuros meses de vida do seu cantinho da blogoesfera, muitos são os aspectos positivos que ficam impressos na memória: o divulgar dos textos que escreve, a perspectiva de vir a colaborar num jornal, o travar conhecimento com pessoas que admira e com outras que anónimas lhe merecem o mesmo destaque. Para além disso, fica a possibilidade de dar voz à alma e ao sonho... de escrever.

Tudo isto só tem sido possível porque desse lado, há alguém que dedica meia dúzia de minutos a ler o que aqui se vai publicando. Assim sendo, agradece-se a todos quantos visitaram o Exercícios de Escrita, tenham ou não revelado, através dos comentários, a sua opinião.

Até breve... até amanhã!

terça-feira, março 29, 2005

69. Passado ou presente?!


Luiz Carvalho, fotojornalista do semanário Expresso

"Histórias tristes de crianças abandonadas à porta das igrejas", é um título descritivo de uma realidade que se nos afigura representativa do que ocorria, em Portugal, no século XVI ou, mais tarde, no início do século XIX. Poderá induzir-nos em erro se a nossa análise do tema for baseada, apenas, na época em que na sociedade portuguesa existiam as chamadas Casa da Roda. Mas, na verdade, este é o alerta que há uma semana foi divulgado na primeira página do jornal A Capital. Em detrimento das lides políticas e económicas o destaque era este. Louvável, sem dúvida.
Num primeiro impacto recusamos admitir que, hoje, se mantenha tal prática. Aparentemente, longe vão os dias em que, sob o jugo da pobreza e valores morais distintos, havia quem a braços com uma criança (in)desejada a abandonasse a melhor sorte, à porta de uma igreja ou Casa da Roda. No entanto, através do que nos é dado a conhecer pela jornalista Susana Dutra, este tipo de ocorrência, ainda que não seja comum, faz parte dos tempos contemporâneos. Alguns exemplos aparecem retratados nas singelas páginas da referida edição

Da leitura atenta surge a necessidade de reflectir sobre o que está inerente a semelhante acto. Aponta-se, como o mais provável mote, a necessidade de, quem o pratica, saber que a criança será facilmente encontrada e encaminhada, quiçá, para uma família que a trate bem e lhe garanta um melhor futuro.
Uma atitude muito diferente daquela que leva a que outras sejam encontradas em caixotes do lixo, lixeiras, descampados, afogadas num qualquer ribeiro das redondezas, ou em qualquer outro local que de tão inóspito lhes dita a morte, num ínfimo espaço de tempo.

Outra informação revelada é o facto de que "o Estado quebra o elo com as pessoas que encontram as crianças, abrindo um processo para apurar as circunstâncias familiares e definir o projecto de vida". Muitos são os casos em que essas mesmas pessoas manifestam o desejo de adoptar as crianças. De um ponto de vista moral, deveria ser averiguada essa possibilidade.

Mais de 15500 crianças e jovens estão, actualmente, sob a alçada de centros de acolhimento. Cerca de 70 % não voltarão à família biológica, nem serão encaminhados para um lar de substituição. A polémica foi instaurada, há algumas semanas, pelos jornais nacionais e, de algum modo, leva-nos a questionar as políticas sociais que têm sido seguidas.

Há muitos anos, também, em Castelo Branco uma criança foi abandonada no Hospital Amato Lusitano. A consternação foi geral. Várias famílias locais manifestaram a intenção de perfilhar o bebé do sexo feminino. Curiosamente, o que é dado como impossível, foi possível. Um casal de enfermeiros conseguiu fazer valer a sua determinação. Adoptou a menina. Hoje, a jovem tem uma vida estável, num meio familiar onde o equilíbrio e o amor são uma constante. Dos contornos deste episódio da vida real pouco se recorda. O importante é que uma vida foi devidamente encaminhada, não para um centro de acolhimento mas para um lar onde conseguiu ter um real "projecto de vida". Foi-lhe assegurada a perspectiva de abraçar um "amanhã" distinto daquele que tantos (demasiados!) antevêem.

Deste apontamento d’A Capital fica, mais do que a referência a uma realidade que muitos (des)conhecem, a sensibilização para uma questão social que nos afecta a todos. Os níveis de pobreza, a iliteracia, os frágeis valores morais, o desemprego, o elevado custo de vida, os precários apoios do estado... e muitos outros factos traduzidos numa acentuada instabilidade política, económica e social, castram a população portuguesa e fomentam actos como este. Condenáveis. O reparo fica, assim, denunciado!

sexta-feira, março 25, 2005

68. Páscoa



Páscoa...

É tempo de regressar a "casa" e ao aconchego dos (a)braços familiares, de esquecer a labuta diária e ser apenas a filha, a neta, a sobrinha, a prima.
Relembro horas de outros anos, momentos guardados num qualquer recanto da mente e do coração, que me levam a reviver o passado.

Recupero a exuberância humilde das festas da aldeia, onde todos tinham entre si um qualquer elo. Recordo as romarias dos primos e tios que, de casa em casa, lá iam saboreando os petiscos e o vinho, produto da última colheita. Registada também está, a correria da pequenada que amontoava, nos bolsos, amêndoas e ovos de chocolate.

No largo do chafariz a animação era da responsabilidade de um acordionista, filho de uma povoação vizinha. Afinados ou não, os acordes da música popular inebriavam quem por ali passasse.
A um canto, junto ao bar improvisado com tábuas e bidões, lá estava a velhinha aparelhagem que reproduzia os lendários discos de vinil. A magia, daqueles instantes que duravam tantos dias quantos durasse a Páscoa, era palpável.
As ruas decoradas com bandeirinhas multicolores, de papel de seda, e lâmpadas que dias antes tinham sido pintadas para o efeito, criavam uma atmosfera que de tão alegre ninguém ousava um ar mais sisudo.
Vestiam-se os melhores fatos. Exibiam-se os novíssimos chapéus e na lapela do casaco não faltava a pequenina flor, cor-de-rosa, que um dos "festeiros" teria vendido.
O certo é que, não se falava de férias em paragens paradisíacas nem famílias separadas por milhares de quilómetros... era, afinal, mais um momento partilhado na companhia dos entes mais queridos.

Será para estes, outros, dias que me sentirei volver ao entrar no comboio, de regresso a "casa"!

Boa Páscoa!

quinta-feira, março 24, 2005

67. Hoje, os tempos são outros.




Há uns anos, se via um polícia sentia-me protegida, se olhava para o professor o respeito e a admiração imperavam... Ao esbarrar com alguém sucedia-se um pedido de desculpas, por vezes, até um sorriso... Se alguém por um azar caía na calçada, rapidamente, era ajudado por quem ali passasse. Impensável entrar num estabelecimento sem dizer bom dia.

Hoje, os tempos são outros.

Assassinam-se polícias, agridem-se professores, ignoram-se os semelhantes e até se esquece do que é, afinal, ter educação.

Como referi, hoje os tempos são outros... de dor e de revolta! Pelo menos para quem, ainda, mantém a sua genuína essência imune à indecência da perda total do respeito pelo próximo!

...e é com estas palavras que se assemelham a um grito surdo na calada da noite que deixo registado um apelo... singelo ou não, a que se procure ser mais que alguém... humano e justo! Se combata a ignorância, a maledicência, a hipocrisia e se contribua para um Portugal mais seguro.

Se para isso for necessário impedir a entrada de estrangeiros (imigrantes); ou reduzir as férias judiciais; ou aumentar impostos; ou rever leis; ou elevar o número de activos da polícia; ou adaptar no sistema de ensino novas componentes curriculares, até de estabelecer o décimo segundo ano como ensino obrigatório; ou por incrementar um plano de formação para mão-de-obra não especializada; ou criar políticas de incentivo às empresas para fomentar emprego; ou... pois que seja feito!!

terça-feira, março 22, 2005

66. As pegadas do Sonho




Na bruma da manhã
Enquanto caminho,
Nesta busca incerta do amanhã,
Encontro-te sentado na areia húmida.
Lanço-te um olhar perdido em carinho,
Um sorriso enlevado,
E murmuro-te a confissão de uma vida!

Quem és?!
A ironia de um retracto renegado,
Que carrego nas entranhas...
Sem te dar forma física...
Ou um rosto, um nome!

Ilusões tamanhas,
As que me fazem renascer,
A cada despertar da aurora,
E ter da vida fome!
Fome de mim, de ti...
De nós numa junção plena do ser.

As pegadas ficam desenhadas na praia.
Segues-me...
Persegues-me...
Enquanto me pergunto se não deveria ser eu a vigiar-te...

Afinal... sou eu a possuir o sonho...
Ou é o sonho que me possui?!

sábado, março 19, 2005

65. Pai!




Rodopio a caneta entre os dedos enquanto procuro as palavras adequadas.
Estou num café, em frente a casa, que a esta hora está quase vazio. A inércia do momento leva-me a abstrair da cidade, bela e sufocante, e a flutuar no tempo.

Em tempos idos, de menina, eras como os ídolos que os meus amigos tinham... actores, músicos, modelos.
Passaram tantos anos. A infância já lá vai. A adolescência também. A idade adulta há muito que a conheço e, ainda assim, continuo a reservar-te um cantinho especial no meu coração... como sempre o farei.

Há quatro anos e meio, numa ironia do destino, foi-te diagnosticada uma doença rara. Senti-te a fugir de mim. Foram os momentos mais difíceis e, aqueles, que me provocam uma comoção tal que se não sinto o calor das lágrimas a fustigar-me o rosto é porque te sei “tão bem quanto possível”.
Foi nessa altura que de ídolo te transformaste em herói. Travaste uma árdua batalha com a rainha das trevas e, ainda que não o admitas, sei que o fizeste por mim, pela mãe, pela mana, mais do que por ti.

A sensatez das tuas palavras, o carinho nelas contido, o amor que sinto desprender-se do teu olhar... tudo isto me atinge e faz dizer-te que não é preciso um dia demarcado no calendário para que, com amor, me recorde de ti.

Trinta primaveras se passaram desde que me permitiste vislumbrar a luz do sol. Quatro anos e meio decorreram desde o dia em que te vi consumido pela dor, no hospital. O mesmo, em que quis gritar e só o eco do silêncio brotou dos meus lábios. Foi naquele quarto impessoal, rodeado de máquinas que não identificava, de tubos que me agrediam os olhos, que uma só verdade dominava o meu ser: Gosto de mais de ti para te perder!

Rezei com fé. Chorei com desespero quando não vias e, desde então, cada dia em que te vejo caminhar, sorrir ou abraçar o teu neto, o meu sobrinho, é uma vitória... uma alegria sem fim!

Por tudo o que és. Por tudo o que me fizeste ser. Apenas te posso dizer: Obrigado, Pai!

sexta-feira, março 18, 2005

64. Máscaras da (in)diferença



No restaurante apinhado ouve-se um murmúrio abafado de vozes enquanto os teus dedos tremem. É tempo de confissões e revelações. Bebo as tuas palavras e estremeço ante a dor que delas trespassa.
A realidade cruel inerente à tua condição de ser diferente acerca-se de mim. Por ti e em ti procuro compreender, esvair-me da conservadora educação recebida, e abrir a mente.

Gosto da tua voz mansa, da doçura do teu olhar, do pensamento sincero e carregado de emoção e, na verdade, mais do que tudo isso, da amizade que nos une.

Respeito-te! Admiro a tua personalidade equilibrada e a forma distinta com que impões, discretamente, a tua presença afável.

Deixarás de ser quem és por seres diferente?! Será imerecida a consideração que te tenho só porque a vida te traçou um destino que não corresponde à norma?

Corta-me o coração ouvir-te dizer que manterás a máscara... quando te pergunto se terás coragem de te condicionar ao que não és e casar com a Marta.
Uma nova questão é formulada: Serás feliz? Não respondas! Eu sei a resposta que pronunciarás.

Chamas-lhe disfunção hormonal... Concordo contigo, envergonhada pela junção de ideias distorcidas a que recorre a sociedade para a explicar e, pior, para a marginalizar.

Respiras, amas... sentes como eu! O teu sangue também é vermelho e, também, o teu coração bate (des)compassado...

Nasci mulher. Tu, por um acaso da natureza, homem....

Olho o teu rosto bonito e pressinto o bloqueio que te impões... essa rejeição ao que és a corromper-te os dias e nada mais te posso pedir que não seja gostares de ti. Como eu gosto. Como os teus pais... como todos gostamos!

Na diversidade, igual a nós e a todos aqueles que subjugados ao preconceito se recusariam a reconhecer-te por detrás do artefacto castrador! Vejo-te para além dele. Aceito-te sob o jugo desta amizade sincera e inocente, como o são aquelas pueris que temos na infância.

Dir-te-ía mais. Anseio pelo dia em que te ames o suficiente para não chamar à tua individualidade anormalidade. Ou, por um outro em que, aqueles que te rodeiam, te compreendam o suficiente para te aceitarem.

Afirmar que és uma pessoa muito especial será pouco. Confessar-te o carinho que te dedico, sem te referir a amizade que me leva a desejar-te toda a felicidade do mundo, seja partilhada com a Marta ou com o João, também o seria.
Por tudo. Por nada. Pelo que és. Pelo que sou. Quero que sejas, apenas, Feliz!

Todas estas palavras que, agora, escrevo, no fim de uma tarde solarenga de Março, enquanto o comboio desliza sobre os carris escuros... tão escuros como a mente da sociedade... são a minha forma de apelar a valores mais altos... o amor e o respeito!

A homossexualidade poderá até ser atípica à condição da sexualidade humana... mas nem por isso terá que ser sinónimo de segregação, marginalização e total ausência de respeito.

Homossexual ou não... Alguém! Humano! Amigo!

A máscara da (in)diferença é um fardo injusto e pesado de mais...

Como te disse:
Nasci mulher. Tu, por um acaso da natureza, homem....
Por tudo. Por nada. Pelo que és. Pelo que sou. Quero que sejas, apenas, Feliz!

quarta-feira, março 16, 2005

63. Polémica
(do grego Polimiké)



Num qualquer dicionário, o substantivo feminino polémica é definido como discussão na imprensa; controvérsia; disputa amigável mas acalorada. A palavra tem origem na grega polemiké, que significa guerreiro.

Polémicas há muitas e para todos os gostos. Para uns será, o facto da Hepatite C matar mais do que a Sida, a recém questão da comercialização de fármacos brancos em pontos de venda não especializados, ou a elevada percentagem de crianças obesas em Portugal. Para outros será, a justiça não possuir provas contundentes para acusar a mãe de Joana, ou o elevado número de jornalistas que, em 2004, faleceram no exercício das suas funções. Cinquenta e seis, para se ser mais exacto.
Ainda haverá quem refira o regresso de Santana Lopes à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, as recentes acusações a Mourinho, que de ídolo passou a persona non grata, ou o iminente aumento da electricidade, a partir de Abril, prevendo-se que o preço seja incrementado entre 5,6% a 9,8%.
Certamente que, existem pessoas a mencionar, os ataques do Vaticano a Dan Brown e ao seu livro "O Código de Da Vinci", o massacre de focas no Canadá ou a ausência de neve no monte Quilimanjaro, nunca constatada nos últimos 11 mil anos.

Polémicas há muitas... e para todos os gostos. Mas a maior será, talvez, a situação de descontentamento, instabilidade e crise detectada em Portugal. É este o tema que domina a imprensa, gera debates acalorados nos cafés, jardins ou pátios e que leva o mais calmo dos portugueses a ficar apreensivo enquanto tenta prever o futuro.

Polémicas há muitas e para todos os gostos. Não fossem tantas e tão negativas que a palavra não teria uma conotação tão pejorativa. Diria mesmo... Tenebrosa!

Polémicas!

terça-feira, março 15, 2005

62. Percursos Pedestres:
Esta Lisboa que eu amo

Elevador da Bica

A meia dúzia de dias do início da Primavera, o sol convida-nos a sair de casa e a percorrer os trilhos de um qualquer percurso, citadino ou não. É altura de voltar a calçar as botas ou os, velhinhos e confortáveis, ténis.

O pedrestianismo, também conhecido por caminhadas ou percursos pedestres, é uma modalidade que conta, cada vez mais, com um número considerável de adeptos. Para o comprovar basta estar presente nas iniciativas promovidas pela “Rotas do Vento” ou pela “Sal”. Em média serão grupos superiores a 15 caminheiros.
A 25 de Abril de 2004 a Sal, empresa de ecoturismo e formação outdoor, dinamizou uma caminhada guiada em que participaram mais de 100 pessoas. Marmitas de Gigante, um percurso pela serra da Arrábida, foi o desafio lançado. Quem por lá “palmilhou”, os 16 quilómetros, subidas e descidas acentuadas, diz que a paisagem fascinante valeu o esforço. E valeu!

No próximo Sábado, dia 19 de Março, será a vez de Esta Lisboa que eu amo. A distância a percorrer será reduzida, 5 km, mas permitirá aos caminheiros voltar a redescobrir o Bairro Alto e a Bica, bairros antigos cujo esplendor não está perdido. Para o confirmar será suficiente olhar com olhos de ver e caminhar. A beleza de outrora está lá. Em cada ruela, beco ou calçada, nas ombreiras das portas, nos parapeitos das janelas, nas fachadas das casas, em que na azáfama dos dias não reparamos. Os jardins podem ter sido esquecidos pelos homens e ser apenas frequentados pelos pombos mas continuam à espera da nossa presença. A oportunidade surge agora, na forma de um passeio numa manhã de Sábado.

A sugestão fica...

Quem vier, será bem-vindo!

Organização: SAL
Data: Sábado, 19 de Março de 2005
Local: Lisboa (Bairro Alto e Bica)
Encontro: 10:00h, Avenida da Liberdade, junto ao elevador da Glória (Palácio Foz, Restauradores).
Duração: 3 horas
Distância: 5 Km
Subidas e descidas: Várias
Dificuldade: Média
Preço: 5 euros
Observações: Aconselha-se a levar uma garrafa de água. Barras de cereais também poderão ser úteis. O calçado e a roupa deverão ser confortáveis.

segunda-feira, março 14, 2005

61. Música de outros tempos



O som dos Beatles invade o café...
Pedro, de olhos semicerrados, é envolvido por uma nostalgia que não admite e não percebe. Aquela música, desde há muitos anos, que o recorda de Ana. Pouco importam os muitos dias que tenham decorrido, desde a última vez que a viu, a imagem dela continua demasiado presente para que a ignore. No entanto contam-se, pelos dedos da sua mão, as vezes que de facto a vira.

O passado ressurge... na forma abstracta de um relampejar da memória.

Os seus pais possuíam, na altura, um pequeno café na Sobreda da Caparica. Era frequente ir ajudá-los, depois das aulas ou nas férias.
No Verão longínquo de 1990, valiam-lhe as visitas dos amigos para animarem as suas tardes. A Sobreda, apesar de ficar perto da praia, não era assaltada pelos veraneantes e os clientes eram os de sempre. Até que num fim de tarde, quando o sol se preparava para dar lugar à lua, lá estava ela... sentada numa das mesas, acompanhada por outra rapariga. Talvez uma amiga. Supusera, naquele instante.

Pedro recorda-lhe a voz doce, o riso cristalino, os caracóis ondulantes, os gestos femininos... a graça de uma menina que começa a ser mulher. Cativara-o, a ele que, aos 17 anos, só pensava em futebol e praia.
A uma primeira troca de olhares sucederam-se outras. Os dias decorreram...
Soubera, entretanto, que a amiga era, afinal, a irmã. Disse-lho a mãe.

Sorri... perdido no enredo com que a mente o brinda.

Sempre que Ana se aproximava parecia que as palavras o abandonavam e isso incomodava-o. A verdade é que, gostaria de ter falado descontraidamente com ela, como a mãe... mas o bater descompassado do coração impedira-o.
Estava apaixonado. Essa era a realidade e tudo em si o havia denunciado. Perguntou-se se haveria alguém que não o tivesse percebido.
Os pais mal a viam chegar trocavam olhares cúmplices enquanto lhe diziam para ir ver o que as meninas queriam. Como se ele não soubesse... Dois cafés e uma água do Alardo. Nunca chegou a perceber porque tinha, ela, a fixação por aquela água... actualmente quase fora do mercado português, por causa de uma qualquer contaminação detectada há 6 ou 7 anos.

Passaram-se treze dias... Chegou o décimo quarto e aquele em que, finalmente, conseguiu reunir a coragem suficiente para pronunciar mais que duas palavras... Convidou-a para beber outro café, quando ele saísse...
Ana sorrira. O rosto levemente ruborizado denunciava que o convite dele a afectara de algum modo. Ao contrário do que esperava, recusou-o e murmurou, timidamente, um adeus quase inaudível.
Emoções tumultuosas assaltaram-no enquanto a observou a subir a rua, rumo a uma casa que ele não sabia onde ficava. Sentira-se ferido... rejeitado.

O pior estava para vir...

Os dias que se seguiram passou-os numa ansiedade tal que beirava a obsessão e, em vão tentara descobrir quem era Ana. Ela esfumara-se como se fosse um fantasma. Ou um sonho. Ou uma miragem...

Adeus... – o eco da sua voz ainda ressoava dentro dele.

Nunca mais a vira desde aquele dia em que, ao som de uma melodia dos Beatles, lhe lançara um último olhar... no entanto a imagem dela em nenhum momento o abandonou.

Continuar a recordar tudo isto... parece-lhe uma infantilidade. Passaram-se 15 anos. Provavelmente estará casada e terá, um ou dois, filhos.
Por vezes, tenta imaginá-la envelhecida e sem aquela aura que a tornava tão distinta e bela. O esforço é infrutífero. A sua mente apenas lhe devolve o desenho de traços suaves e um sorriso que...

Onde andará Ana?

Talvez tão perto dele que se o soubesse estremecesse...

Talvez.... a escassos quilómetros, a recordar-se dele, uma vez ou outra, no silêncio de uma casa que só ela habita. Quantas vezes se terá perguntado, como ele, porquê relembrar aqueles, breves, quinze dias de férias... Ou porquê continuar, a folhear as páginas amarelas de uma qualquer lista, à procura de um número de telefone que nunca marcaria... mas que gostava de conhecer... como se isso lhe provasse que aqueles momentos tinham sido realidade.
Que diria Pedro se soubesse que Ana voltou à Sobreda mas não teve coragem de procurar por ele... não fosse a magia daqueles instantes, inocentes e únicos, se desvanecer.
Na verdade... seria desconcertaste se descobrissem que, no mais profundo das suas essências, aquele quinhão do passado tinha sido bem mais do que uma troca de olhares, entre dois adolescentes.

Mas que sei eu...?! Ana e Pedro, são criações da imaginação enquanto ouço Beatles... sentada num dos aconchegantes cadeirões do Cup&Cino.
Saboreio um “Triestino” e o aroma do café recorda-me, com alguma nostalgia, um outro Pedro... ou João... ou Nuno...ou seja lá o nome que tiver! Um outro alguém, que terá cursado o rumo dos seus dias num efémero segundo da minha vida e, do qual há muito não sei o paradeiro... por nem sequer me recordar onde fica o café onde estarrecida contemplava o seu sorriso...

Pouso a caneta durante uma breve fracção de segundos... O empregado aproxima-se...

Será que têm água do Alardo?!

Sorrio...

sexta-feira, março 11, 2005

60. 11 de Março de 2004



Antonio Delgado tem 41 anos, é casado e tem um filho de onze. A passada com que percorre os trilhos da vida é serena, mas a alegria de outrora foi substituída pelo peso da lembrança.
Daquele dia recorda, com pesar e horror, o sangue e o infortúnio de todos aqueles que, inesperadamente, se viram na hora e lugar errados. Nada se esquece ou desvanece...

Um ano... Um, longo e curto, ano passou.

El Pozo del Tío Raimundo é mais que uma estação! É um monumento à memória de pessoas que, inocentemente, padeceram subjugadas à mão criminosa... assassina, de mentes perturbadas. Fanatismo atroz este, que leva a que se atente contra a vida.

António sobreviveu e, ainda que não tenha transformado os seus dias num inconsolável lamuriar, as recordações, as emoções e os sentimentos não se esbatem no tempo.
Este sevilhano de face sisuda foi uma das pessoas que se viu envolvida no tenebroso atentado, de 11 de Março de 2004, em Espanha... O maquinista de um dos fatídicos comboios.

"Olhando pelo espelho, pareciam bonecos e eram pessoas..." – recorda.

Hoje, não procura explicar o sucedido... apenas diz: "Esta gente alberga um fanatismo tão doente..."

Infâmia. Horror. Matança. Caos. Inferno. Terror. Barbárie. Doze meses depois, continuam a ser estas as palavras que definem um dos momentos mais chocantes da história de Espanha. E do mundo actual!

59. Bom fim-de-semana...



A meia-noite já lá vai...

Os textos escritos aguardam ansiosos a revisão que é adiada... Mas a disposição assim o exige e a constipação assim o dita.

A semana chega ao fim...

O regresso a Castelo Branco é programado enquanto furtivamente contemplo o livro aberto, depositado displicentemente em cima da cama. Tenho saudades. De escrever. De ler. De não me doer o corpo. De não espirrar a cada minuto que passa... E, é desta forma que, depois ter chegado a casa há horas, dormido uma ou duas, não resisti a escrevinhar meia dúzia de palavras... mais que não seja, para desejar um bom fim-de-semana a quem pelo meu cantinho possa passar.
Um beijinho e até breve!

terça-feira, março 08, 2005

58. Risos Tristes



Era uma vez um menino franzino... os olhos grandes, o cabelo rebelde e um sorriso que, de tão meigo e espontâneo, nos fazia acreditar que não haveria maldade ou sofrimento a envolver os seus dias. Tinha três irmãos. Todos mais pequenitos que ele. O pai, trolha a dias, a mãe desempregada e alcoólatra, presença assídua dos cafés mais mal frequentados da rua, e a bisavó, já sem a paciência de outrora, corroída pelo passar dos anos e pela doença, completavam o seu quadro familiar.
Moravam numa pequena casa cedida pela junta de freguesia, depois da anterior ter ardido. Um descuido, numa fria noite de inverno, valera-lhes a desgraça.

O ar adulto com que repreendia os mais novos sempre me fez sorrir e abstrair de todos aqueles momentos em que consternada antevia o triste desfecho, da suposta união daquele lar.
A confirmação dos meus temores demorou três anos a chegar...

Hoje, ao ler uma notícia sobre a chocante situação de mais de 15 500 crianças e jovens, acolhidos em instituições, veio-me à memória o seu rostinho quase sempre sujo, as unhas encardidas, o nariz por assoar, o cabelo empastado em parasitas e o frequente cheiro azedo da sopa que trazia no termo maltratado.
Setenta por cento, dos meninos que englobam esse número astronómico, não retornarão à família biológica nem terão outro lar... assim o refere a jornalista Paula Ferreira, no Diário de Notícias.

Pergunto-me por onde andará o Eduardo, nome fictício que lhe dou...

Há dois anos e nove meses foi retirado, conjuntamente com os irmãos, à guarda da família.
Os inúmeros avisos da assistente social foram ignorados. Alertas que pretendiam evitar este desmoronar da família que, bem ou mal, tinha.

Gostava que estas palavras fossem fruto da minha imaginação... uma história apenas! Um conto triste. Mas não! Aconteceu com um dos meninos, aluno, de uma escola pública de Lisboa, onde trabalhei.
Relembro-me desse tempo, revivendo angústias e alegrias, enquanto não ouso outra esperança que não seja que este menino de riso fácil possa continuar a sorrir... sem que nenhuma nuvem ensombre o curso dos seus dias.
Oxalá não pertença aos setenta por cento que hoje são nomeados!

Tem 8 anos... Três irmãos mais novos...

A eles, onde quer que estejam, só lhes posso desejar um futuro mais risonho que o passado...

(São estas as notícias que me atingem e sufocam... não outras, de birras infantis e ofertas de fotografias de alguém que só pretende melhorar o país que temos!)

sábado, março 05, 2005

57. ASA: Paul Auster em Portugal



A editora Edições Asa fundada em 1951, tem uma vocação essencialmente escolar, o que não tem impedido que, nos últimos anos, brinde o leitor com lançamentos de temáticas variadas. Para o comprovar basta entrar numa qualquer livraria ou no seu site. Os títulos são variados e os seus atributos inegáveis.

Como nos revelam na Literatura, a ASA é hoje uma referência incontornável no panorama da edição portuguesa: novos autores, portugueses ou estrangeiros, de excepcional qualidade pautam a (...) oferta editorial.. Deste modo, não nos surpreende que, confirmado o sucesso internacional de Paul Auster, tenham decidido recuperar os seus mais antigos romances e publicá-los. Em Fevereiro teve lugar o primeiro lançamento com Pensei que o Meu Pai era Deus, livro onde o escritor nos envolve e cativa apresentando um testemunho elaborado a partir de relatos de histórias verdadeiras, de ouvintes de um programa radiofónico.

Muito poderia ser dito sobre o homem que dá pelo nome de Paul Auster. De menino, apaixonado pelo baseball, a escritor de renome vai mais do que um passo mas, o que é certo é que, é incontestável a sua importância para a literatura mundial.

Paul Auster, nasceu em 1947, em New Jersey. Estudou literatura inglesa, francesa e italiana na Columbia University, Nova York. Do período em que viveu em Paris, de 1971 a 1974, registam-se as traduções de Breton, Eluard, Mallarmé, Sartre e Blanchot. A instabilidade económica que rodeou os seus dias em terras francófonas, levou-o a reconsiderar a sua trajectória e a regressar aos EUA. Em 1980, dois anos antes da publicação do seu primeiro livro, instalou-se no bairro de Brooklyn, em Nova York, onde continua a residir e a trabalhar.

Considerado um dos autores mais apaixonantes da actual literatura americana, virá em Maio próximo apresentar o livro Música ao Acaso, inicialmente publicado em 1991, lançado por esta ocasião pela Asa. Confirma-se, desta forma, o objectivo proposto com a primeira publicação.

sexta-feira, março 04, 2005

56. Momentos



O feminino cruzar de pernas captou a sua atenção quando, ao olhar o pequeno espaço do restaurante, a avistou a dois metros da mesa que ocupava. O queixo erguido, as costas direitas, o cabelo sedoso a envolver-lhe os contornos do rosto... A sensualidade brotava, de cada um dos poros, daquele corpo e, suscitava-lhe imagens que em nada seriam consideradas castas.

Sacudiu, levemente, a cabeça numa frustrada tentativa de se concentrar na tagarelice enfadonha do consultor imobiliário. Um homem atarracado, a beirar os 50 anos, que não primava pelo bom gosto, a julgar pelo comentário brejeiro que dedicara à empregada. A sua voz era fastidiosa.

Aborrecia-o a insistência com que elevava a mão macilenta ao nó seboso da gravata azul turquesa, como que, a certificar-se da constância do seu desarranjo.
Em nada o interessava o discurso incoerente com que era brindado. Mais ainda, porque a sua atenção era, a cada instante, atraída pelos contornos insinuantes da silhueta feminina.

Sentiu um inesperado calor percorrer-lhe o corpo quando os seus olhos se cruzaram. Era incrivelmente bonita.

Consciente de era necessário recuperar a compostura, aclarou a voz.

- Desculpe… dá-me licença, só um instante…?! – atalhou.

Ergueu-se, lentamente, da cadeira perdido, uma vez mais, em contemplações...

A água morna escorria pelo lavatório ao mesmo tempo que examinava o homem reflectido no espelho... Há quanto tempo não se sentia assim? Completamente envolto numa teia de ansiedade, excitação e uma subtil mas letal sedução...
Sorriu. Involuntariamente, suspirou... e, mesmo sem se voltar, pressentiu o vulto prostrado atrás de si...

Rodou sobre si mesmo.

Duas passadas determinadas anularam a distância... entre dois seres que no inesperado da situação se entregaram a um, espontâneo e mágico, momento.

Mesmo que quisesse, não conseguiria disfarçar o enigmático sorriso desenhado no seu rosto quando se acercou da mesa.

Aguardava-o, ainda, meia hora de uma conversa entediante e desprovida de qualquer nexo. No entanto, o enfado já o não fustigava… O inconfundível perfume feminino, absorvido pela sua pele, levou a imaginação a soltar-se, em mares tantas vezes navegados. Inconscientemente, deslizou os dedos pelos lábios ao mesmo tempo que se recordou do pequeno bilhete que ela lhe deixara. Discretamente, abriu-o... juntou as letras enquanto o palpitar do seu coração se acentuou...

Espero-te!
Quarto 212
Hotel Green Park


Envolvido pelo clima apaixonante, do mistério e da sedução, dominou-o um estado de espírito caracterizado, mais do que por prazeres carnais, por sentimentos renovados a cada segundo que passava.

Relembou a imagem gravada, a partir do último olhar que lhe lançou, ao vê-la entrar no carro, estacionado a pouco mais de dois metros da porta do restaurante...
Olhou, disfarçadamente, o relógio. Tinham passado 10 minutos e o penoso almoço chegara ao fim.

Pouco depois, não muito longe daquele restaurante, a porta impessoal, de um quarto onde milhares terão dormido, é aberta... lá dentro a luxúria do corpo feminino aguarda-o... saudosa... carente... ansiosa...

Uma voz, quente e doce, ecoa no silencio do quarto:

- Feliz aniversário!

Ri-se, deleitado com a surpresa:

- Conta-me lá... o que fizeste hoje ao meu filho?

Deixei-o com a minha mãe... Afinal, não é todos os dias que comemoramos 10 anos... de casamento!

Cessaram as palavras... o tempo era outro... em que falar era desnecessário!

quarta-feira, março 02, 2005

55. Outro ser



Natália tem 30 anos, uma vida de que gosta e meia dúzia de sonhos que lhe moldam a rotina dos dias.

Escreve como quem respira.

Nas palavras encontra o expoente máximo do seu ser e outra coisa não saberia fazer, quando as horas ditas mortas chegam. Instantes, em que não lhe é permitido evadir-se até à praia... ou por entre rochedos, aventurar-se na descoberta de novos percursos pedestres.

É apontada como solitária e, ainda assim, não lhe faltam amigos... O porte frágil e franzino, a voz calma e doce, e uma atitude simpática garantem-lhe a imagem de serenidade com que os amigos a vêem.

Gosta de se imaginar feliz porque, realmente, o é! Sem euforias desmedidas, alegrias repentinas mas, também, sem dúvidas ou mágoas demasiado enraizadas a valer-lhe ressentimentos negativos.

Os sonhos brotam, do mais íntimo da sua essência, fazendo-a almejar não um fútil reconhecimento público mas um outro... fomentado pelo cunho, pessoal e intenso, da sua mão ao deixar impresso nos relatos escritos que vai partilhando com os outros, um pouco de si.

Sentada, aqui e ali, saboreando o aroma, tão apreciado, do café enquanto um meio sorriso, distante e misterioso, se abeira dos seus lábios, vai escrutinando aquele destino que pretende como seu.

Natália tem 30 anos... e na escrita o expoente máximo do seu ser!


Pensamento solto
Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído.
Marguerite Duras