sexta-feira, março 25, 2005

68. Páscoa



Páscoa...

É tempo de regressar a "casa" e ao aconchego dos (a)braços familiares, de esquecer a labuta diária e ser apenas a filha, a neta, a sobrinha, a prima.
Relembro horas de outros anos, momentos guardados num qualquer recanto da mente e do coração, que me levam a reviver o passado.

Recupero a exuberância humilde das festas da aldeia, onde todos tinham entre si um qualquer elo. Recordo as romarias dos primos e tios que, de casa em casa, lá iam saboreando os petiscos e o vinho, produto da última colheita. Registada também está, a correria da pequenada que amontoava, nos bolsos, amêndoas e ovos de chocolate.

No largo do chafariz a animação era da responsabilidade de um acordionista, filho de uma povoação vizinha. Afinados ou não, os acordes da música popular inebriavam quem por ali passasse.
A um canto, junto ao bar improvisado com tábuas e bidões, lá estava a velhinha aparelhagem que reproduzia os lendários discos de vinil. A magia, daqueles instantes que duravam tantos dias quantos durasse a Páscoa, era palpável.
As ruas decoradas com bandeirinhas multicolores, de papel de seda, e lâmpadas que dias antes tinham sido pintadas para o efeito, criavam uma atmosfera que de tão alegre ninguém ousava um ar mais sisudo.
Vestiam-se os melhores fatos. Exibiam-se os novíssimos chapéus e na lapela do casaco não faltava a pequenina flor, cor-de-rosa, que um dos "festeiros" teria vendido.
O certo é que, não se falava de férias em paragens paradisíacas nem famílias separadas por milhares de quilómetros... era, afinal, mais um momento partilhado na companhia dos entes mais queridos.

Será para estes, outros, dias que me sentirei volver ao entrar no comboio, de regresso a "casa"!

Boa Páscoa!

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