quarta-feira, novembro 24, 2004

5. "As Palavras que nunca te direi" Nicholas Sparks

A noite mal dormida... o levantar apressado... a ansiedade a queimar o ar que se respira... o murmúrio surdo das vozes circundantes, actuam sobre o corpo e alma de forma pouco condescendente!!

Sinto-me prisioneira de uma sina que não moldei...

Percorro com o olhar a paisagem para além da janela insípida do comboio que vai deslizando pelos negros e frios carris...

Sinto-lhe a força viva... o encanto e a magia... e entre emoções... sentimentos ou meios pensamentos desperto do torpor que me assolou desde a madrugada... As dúvidas renascem das cinzas, as inseguranças do ar e a desconfiança é uma realidade demasiado dura e incompatível com a calma que é imperativo conquistar!!

Os raios de sol invadem a carruagem... motivando breves comentários... eu recolhida no meu assento impessoal... que afinal é de milhões... reconheço que neste momento a água tépida de uma praia do sul seria uma oferenda dos deuses!!

Por fim... a memória recupera a lucidez...

Amanhã, pela mesma hora, estarei numa praia do sul... despertarei com a caricia extenuante da brisa na minha pele e pensarei nas... "palavras que nunca te direi"... e do teu lado... e ainda que o meu vulto esteja lá... não haverá mais que ninguém porque eu morri quando pensava nascer...

Durante anos a fio dir-te-ia com alguma incerteza que os grandes amores nunca vencem... hoje digo-o com a certeza da derrota!!!

Olho os rostos das pessoas e em silêncio questiono-as... já amaste?!

Sinto um leve tremor nos meus lábios... dor contida... lágrimas por chorar... gritos calados... eis-me no silêncio das trevas... sem confiança, esperança ou segurança!!

Eis-me no auge da idade a desejar que a velhice chegue em breve... e que em breve possa cerrar os meus olhos sem sentir este desespero!!

"As palavras que nunca te direi"... mais que o título de um livro... mais que um segredo oculto... são palavras caladas... cravadas no mais fundo do meu intimo, revelando-se a cada momento como a expressão viva da essência que me faz erguer o rosto... desafiar o infinito e revelar... nas páginas impessoais de um jornal... que os grandes amores são como a brisa do mar... nas madrugadas onde a Lua não vigia a Terra e as estrelas se esquecem de acordar!!!

(in Diário de Aveiro, Domingo, 15 de Junho de 2003)

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