sábado, abril 09, 2005

73. "Só o amor é real"
Brian L. Weiss



A “primeira” vez que te vi foi no aeroporto de Lisboa. Faltavam trinta minutos para embarcar, rumo a um destino onde poderia finalmente descansar, e esquecer o projecto fracassado devido à incompetência do gestor de marketing.
Trazias contigo um pequeno volume, embrulhado num bonito papel com sorridentes ursinhos. A forma cuidadosa com que o seguravas enternecer-me. Na altura, recordo-me, imaginei-te no papel de pai. Inconscientemente, soube que serias, um daqueles, atento, amigo, carinhoso, paciente... dedicado! Simpatizei contigo.
Demasiado embrenhada nestas deambulações mentais não me apercebi que a diminuta carteira que trazia comigo escorregara colo para o chão. Recolheste-a. Encontrei o teu olhar e senti-me como se tivesse sofrido uma descarga eléctrica. Agradeci. Procurei sem querer uma aliança na tua mão esquerda, que não encontrei. Sorri e observei-te a caminhar em direcção ás portas de embarque.
Pensava que “nunca mais” te veria mas isso não me incomodava. Talvez soubesse que numa outra vida nos acabaríamos por encontrar. Não foi preciso esperar tanto. Quis o destino que o nosso avião fosse o mesmo e determinou a sorte que o teu lugar fosse junto ao meu. Foi deste modo que me foi possível saber que ias visitar a tua irmã. O Gonçalo tinha nascido há uma semana.
Como qualquer tio “babado” não resistiras a pedir alguns dias de férias. Confessaste-me que te pesava a consciência porque deixaras a meio um qualquer relatório.
A ansiedade dominava o teu espírito. Em breve irias conhecer o teu primeiro sobrinho. Ficarias “uma semana” em Nice. Eu também. Eu regressaria no Domingo e tu no Sábado. Não trocámos números de telefone e nada previa que nos voltássemos a cruzar. Qual não foi o meu espanto quando te vi, naquele Domingo, junto à zona de “check-in”. Tinhas adiado a tua viagem de regresso um dia e timidamente confessaste que tinha sido por mim.
O contacto manteve-se. Uma sólida amizade nasceu e quando nenhum dos dois conseguia já negar o inegável... dez meses depois da viagem a terras francófonas, pediste-me para casar contigo. Aceitei.
Hoje, doze anos depois, quatro desde que percebi a razão daquela intrigante sensação de sempre te ter conhecido, voltei a ler o livro que me permitiu compreender. “Só o amor é real”, escrito por Brian L. Weiss, recordas-te?! Não teria sido necessário lê-lo para saber que sempre estivemos destinados a partilhar a vida mas ajudou-me a decifrar o elo inquebrável que nos une.
Ás vezes, perguntas-me se sou feliz. Muito, respondo. Tanto que não existem palavras que possam descrever a dimensão desta felicidade.
Sabes... mais do que na vida, acredito no poder do amor e nos desígnios do destino.
Creio que nunca te disse, mas antes de te conhecer inúmeras vezes me questionava como seria amar alguém ou encontrar aquela que seria a minha alma gémea. Sentia-me como se estivesse, pacientemente, à espera... Conscientemente, não sabia do quê ou de quem. No entanto, algures nas entranhas do meu ser sei que era por ti que aguardava... O complemento mágico da minha essência estava em ti.
Porque te escrevo esta carta, querido?! Porque por mais que te repita que te amo nunca serão as vezes suficientes para retratar o amor que te tenho!

Amo-te! Hoje mais do que ontem... menos do que amanhã!

Com amor,

Ana


Ana tem hoje 44 anos, mais de metade da sua vida dedicou-a a estudar e trabalhar. Até conhecer João não tinha outra motivação que não fosse ter uma confortável estabilidade económica. Os dias eram incrivelmente vazios e desprovidos de emoção. Aos 31 anos apaixonou-se por ele, quatro anos mais velho e tão “workaholic” como ela. Juntos descobriram a magia e o poder do amor, delinearam um novo projecto de vida e descobriram que é possível ser-se, verdadeiramente, feliz.
O que é verdade?! O que é mentira!? Só o amor que os une é real!
Têm um filho de oito anos. Um menino a quem se dedicam com um amor infinito. Idealizam e concretizam cada dia como se fosse parte integrante de um sonho... e têm no livro de Brian L. Weiss a “prova” de que os seus passos estão eternamente unidos.
Ana e João ousaram ouvir a voz do coração!

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