quinta-feira, abril 12, 2007

120. Tarde ou Cedo


A lua desce para lá da imensidão
E o sol esmoreceu no fim de nenhures…
Naquele último segundo de paixão!

É tarde… ou cedo de mais!!
Entras na roda viva e tão depressa sais…
Que no corrupio da pressa
As palavras ficaram suspensas
Porque morreram antes de nascerem
E as horas são segundos
Que não quebram o que pensas
Ou teimas em pensar…!!

Não… não me encontras ao virar da esquina,
Na dobra fina da esquadria,
Porque me escondo na sombra
E se por um acaso me sentes a respiração
Protege-me a tua falível sensação…
De ser vento ou aragem,
Quiçá ilusão ou miragem!

Dia após dia, noite após noite,
Eu sei, estou aqui…
Tão perto e tão longe,
Acessível ao estender da mão que retrais…
Eu… que perdida no meio do sonho e da realidade,
Quero mais, muito mais do que podes dar,
Do que posso oferecer!

Desço a calçada, atravesso a rua,
Levo a alma nua,
Um meio sorriso a brincar nos lábios…
Um suspiro a soltar-se do peito!

Esta tarde, ao romper das trevas,
Voltei a esgueirar-me entre os fantasmas
E a divertir-me neste jogo…
Em que perdes tu e perco eu,
Consciente de que vêm e vão os anos,
Arde, intenso e vivaz, o fogo…
Mas… já tanto me faz…
Despedi-me há tanto, tanto que esqueci…
O sabor, o aroma…
Agora quero ir,
Anseio mais que fugir, partir…
Descobrir o lado de cá ou de lá,
Na certeza que é efémero o momento
Que aqui vivo…
Porque outros caminhos nos juntarão
Quando não nos dominar o peso da recordação!

A lua, o sol… para lá do fim, o princípio!

4 comentários:

A. Pinto Correia disse...

..tudo é intensidade. e um rasgo inusitado de desejo e de amor que não acontece. as recordações são permanências...
Beijos, Maria

Maria disse...

Unicus,
ao ler o que escreveste ficou-me a sensação de que realmente é como dizes... "recordações são permanências..." que nos lembram que somos hoje o produto de tudo quanto já vivemos.
Um beijinho
M

Anónimo disse...

E não somos, M?! - Todavia perseguimos pedaços de futuro incerto, corremos atrás de sonhos sem entendermos que a felicidade está mesmo ali, ao virar da esquina, quando o vento gélido nos rasga o rosto e o tisna, cavando-lhe os primeiros sulcos que se multiplicam. E quando damos conta, passaram mais vinte anos, e o sulcos são agora marcas inapagáveis, mais fundos, e a felicidade passou mesmo ao lado. É então que nos damos conta de que jogámos a vida fora. Tal como tu, tenho outros conceitos sobre o que é qualidade de vida. O meu não passa certamente por ter uma enorme conta bancária, porque me dei finalmente conta que apenas o amor é importante. O amor no sentido lato do termo, mas também esse outro amor exigente, que não se divide, quase egoista, entre um homem e uma mulher. Valerá no fim perguntarmos porque desperdiçámos o tempo e porque jogámos uma vida fora?! - Será tarde.
Beijos, Mara.

Anónimo disse...

Maria. (errata)