domingo, fevereiro 10, 2008

131. O destino e o tempo


Como num passo de salsa,
Ou como em todas as coisas,
Que não encontramos num catálogo…
Eu aqui e tu ai, num mudo diálogo,
Em que dançam apenas os nossos olhos
Quando do ombro desce a alça,
E, como num filme a branco e negro,
O vinho e o sangue se confundem.
Hoje demos por terminado o dia
Em que as palavras se fundem…
Numa meia verdade que nos assedia
E os corpos se refundem
Numa timidez que sem ser falsa,
Já não nos faz falta.
Como num passo de salsa
Todo ele calor e sensualidade,
As mãos cruzam-se,
As faces roçam quentes e suadas
E nem o branco nem o negro
Nos embala o pensamento…
As cores usam-se e abusam-se
Sem necessidade de ser condenadas!
É nesta fúria, fúria dos sentidos,
Que urge o momento
Em que o encontro…
Sucede ao desencontro
E se nos toma o tormento
Em que razão se contrapõe ao coração,
Também nos assola a vontade
e tudo quanto nos há-de juntar
como um dia nos fez sonhar!
Eu aqui e tu ai, num mudo diálogo,
Como num passo de salsa,
Movidos ao ritmo de algo intenso,
Intemporal, quase irreal…
Que o destino quis suspenso
E o tempo eterno!

Eterno como só o amor pode ser!!

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