60. 11 de Março de 2004
Antonio Delgado tem 41 anos, é casado e tem um filho de onze. A passada com que percorre os trilhos da vida é serena, mas a alegria de outrora foi substituída pelo peso da lembrança.
Daquele dia recorda, com pesar e horror, o sangue e o infortúnio de todos aqueles que, inesperadamente, se viram na hora e lugar errados. Nada se esquece ou desvanece...
Um ano... Um, longo e curto, ano passou.
El Pozo del Tío Raimundo é mais que uma estação! É um monumento à memória de pessoas que, inocentemente, padeceram subjugadas à mão criminosa... assassina, de mentes perturbadas. Fanatismo atroz este, que leva a que se atente contra a vida.
António sobreviveu e, ainda que não tenha transformado os seus dias num inconsolável lamuriar, as recordações, as emoções e os sentimentos não se esbatem no tempo.
Este sevilhano de face sisuda foi uma das pessoas que se viu envolvida no tenebroso atentado, de 11 de Março de 2004, em Espanha... O maquinista de um dos fatídicos comboios.
"Olhando pelo espelho, pareciam bonecos e eram pessoas..." – recorda.
Hoje, não procura explicar o sucedido... apenas diz: "Esta gente alberga um fanatismo tão doente..."
Infâmia. Horror. Matança. Caos. Inferno. Terror. Barbárie. Doze meses depois, continuam a ser estas as palavras que definem um dos momentos mais chocantes da história de Espanha. E do mundo actual!
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