quarta-feira, novembro 08, 2006

119. Refúgio!

Pé ante pé,
Na suavidade da manhã,
Desço a calçada,
Um dia atrás de outro
Como se a minha vida…
Começasse amanhã!
E se hoje redescubro a magia,
Sem rasgos de nostalgia,
Da porta nunca fechada
Em que me revejo
Criança ou adolescente,
De riso fácil…
De coração aberto
De luz no olhar…
E não perco a doçura de amar
As pedras de granito,
As velhas muralhas,
O cheiro a pinho,
E aquele tão singelo grito…
Da ave que passa,
Da folhagem que se arrasta,
Do rio que me ultrapassa,
E se afasta…
Para onde tudo é vales e montes
E não fica esquecida…
A memória que carrego,
Com leveza
Desse meu pedaço de céu...
Recanto ou paraíso,
É porque existe…
O sonho encantado
Em forma de cidade… Refúgio!

terça-feira, agosto 22, 2006

118. A voz

A multidão que circulava na rua oprimia-a e fazia com que o pânico surgisse de mansinho mas tão voraz como qualquer furacão.
Há horas que caminhava sem rumo pelas velhas calçadas da cidade, sem conseguir que o cansaço a invadisse e a fizesse esquecer da imagem aterradora que presenciara.

Dividida entre o pavor e o dever perante a lei, voltou a fixar as águas calmas do Tejo e invejou-lhe a sorte. Naquele instante dava tudo para se transformar em água, vento, pluma, num nada infinito mas belo… mágico, alegre e inexplicavelmente vivo.

De repente, a emoção ou talvez a ausência dela fizeram-na estagnar entre a ilusão e o real, muito para lá do que é ditado pela razão, enquanto o ribombar de trovões, se ouviu ao longe.
Deslizou por entre a avalanche humana e sentiu-lhe a frieza húmida, compacta… intensa, com que muito subtilmente começava a familiarizar-se.
O seu peito sangrava. Os seus olhos turvavam-se. Isolada na sua solidão de caminheiro andante… errante… ninguém a fitava, a tocava… nem ela!
Por mais que tentasse evitar, nada impediu que o seu espírito recuperasse, em pequenos flashes, o momento e sentisse o contorno do que tinha sido… desvanecer-se como poeira levada pelo vento.
Pudesse ela apagar aquele dia do registo da sua vida e seria como descobrir o paraíso.

- Vai embora… o teu lugar já não é aqui! – Clara estremeceu ao ouvir aquela voz.
- Não… - exclamou exausta – O meu lugar será sempre aqui!!
- Porque tu queres?! Encara a realidade, tu es…
Tapou os ouvidos repetindo desesperada:
- Não, não, não… Tu não sabes nada de nada… Eu sei.
- Não sabes ou melhor… não queres saber. Ficar vai ser pior para ti! – O tom não tinha uma única nota de ameaça, apenas de pena e desconsolo.
Cansada daquele diálogo sem sentido procurou focar um ponto indefinido algures na outra margem sem qualquer sucesso. Quis chorar mas a única coisa que conseguiu foi emitir um som indescritível.
- Deixa-me em paz! Não preciso de ti! És tu quem tem que ir embora…
- Para que tu possas fingir que naquele quarto ninguém morreu da forma mais violenta que alguma vez imaginaste?!
- Cala-te!!! Eu não tenho nada a ver com isso… - gritou.
- Não?! Tens a certeza?! Não há nada que possas fazer para alterar o que aconteceu!!
- Não aconteceu nada!!
- Não?! Olha para as pessoas! Alguém olha para ti?! Gritaste-me… alguém se voltou para olhar?! Enquanto caminhavas pelo Rossio, quantas pessoas esbarraram em ti sem sentir mais do que um arrepio?!
- Isso não significa nada… - o medo começou a dominá-la!
- Tens a certeza?! – Perguntou-lhe baixinho.
- Eu não…
- …morri?! Morreste… pelos motivos errados mas foi isso que aconteceu! Não tiveste culpa…
- …culpa?! – Repetiu-se. – Alguém morreu, há um culpado mas nenhumas das duas pessoas sou eu.
- Clara, não faças isso.
- Cala-te!! Tenho que ir à polícia. – Ergueu-se do banco de rompante.
- De nada te adianta, não te poderão ver nem ouvir! Por muito que não queiras admitir, o Bruno assassinou-te.
- Não!! Ele não faria isso…
- Por ciúme, por cobardia, por saber que tu o irias denunciar na empresa, que seria preso pelo desfalque e o mais provável seria finalmente voltares para quem sempre amaste… Achas que não o faria?! Claro que sim, tanto que foi o que fez!
- Eu não posso ter morrido… Não...
Naquele momento Clara sentiu-se fraca como se toda a sua força tivesse desaparecido.
- Eu não posso ter morrido… - golpeou com os punhos fechados o granito gelado do banco sem sentir qualquer dor.
As imagens continuavam a aparecer-lhe em catadupa. Os salpicos de sangue na parede, o corpo, ainda quente, tombado sobre a cama, contorcido e esfaqueado, e o olhar já sem vida esbugalhado e suplicante. Quase podia sentir aquele cheiro, abafado e decadente, a morte. A roupa, o quarto, a pequena estatueta, as molduras em cima da cómoda… tudo lhe era tão familiar. Bruno, Carlos, a empresa, a auditoria, as discussões, as ameaças… Sim!! Por muito que fosse cruel enfrentar a realidade, no momento em que começava a libertar-se, a tentar ser feliz, Bruno tinha-se transformado no seu carrasco e tinha-lhe arrancado o que de mais valioso tinha: a vida!
- Morri… Eu morri…?! - Murmurou.
- Mas um dia terás oportunidade de voltar… só o amor é para sempre, a morte não!
- Achas…?! O amor?!
- O verdadeiro…!! Acredita em mim!! O amor... é a única coisa que é mais forte que tudo, seja lá o que for este "tudo"!

Por fim, Clara, pode sentir o aconchego da noite a chegar... aquele que só se sente quando se acredita que está um novo dia para chegar!

- Adeus...
- Até já!

quinta-feira, julho 27, 2006

117. Considerações...

O momento é dedicado a algo tão básico como devaneios trazidos pelo quotidiano de um país que muitos apelidam de barco à deriva. Certo ou não, a verdade é que as remunerações auferidas para uma enorme percentagem da população estão além do desejado ou do suficiente para garantir uma qualidade de vida desejável.

Hoje, debruço-me sobre a velha questão: O que é qualidade de vida?! Será ter uma casa nova, um bom carro, vestir os trapinhos da moda, correr todo o santo dia, sem ter prazer com a actividade profissional desenvolvida, ou tempo para respirar?!
Mais grave sem tempo para estar com os que amamos e descansar o suficiente para não nos assemelharmos a cadáveres ambulantes?!

É verdade que sou apelidada de workaholic por meia-dúzia de pessoas, que saio tarde do trabalho e só depois de sentir que cumpri a missão, mas há contornos na minha vida pessoal que não gosto de descurar, como é o caso da família e dos amigos.

Recentemente fiz uma breve tentativa de conjugar dois empregos, um em regime de full-time e outro part-time, como obviamente só poderia ser. Inicialmente, afigurou-se simples, pelo menos até perceber que não tinha como contornar a questão de trabalhar todos os sábados, de tarde.
Vi-me, então a braços com algumas questões interessantes, já que passaria a dispor de um orçamento muito mais atractivo mas teria que prescindir das viagens a Castelo Branco e dos fins-de-semana com a família, de jantar convenientemente, de ler, escrever ou qualquer outra actividade que me desse prazer, para além de não conseguir manter a habitual produtividade atendendo a que estava excluída qualquer possibilidade de ficar além do horário para concluir este ou aquele processo.
O nível de stress a que me vi sujeita impedia-me de descontrair e uma hora antes de sair do primeiro emprego já a cabeça parecia o palco de uma furiosa tempestade, o corpo se contorcia em cãibras e o sorriso se tornava menos frequente. Em resumo, prefiro a ginástica mensal de gerir um orçamento limitado a perder o que considero elementos importantes da verdadeira qualidade de vida.

Tudo isto é discutível, baseado apenas na minha vivência pessoal, na visão que tenho da vida, e no facto de que um segundo emprego não se destinava a garantir bens de primeira necessidade, mas lanço um desafio... O que é para vocês qualidade de vida?!

segunda-feira, julho 17, 2006

116. Bicho raro!!

Fotografia: Maria Nunes

Há por aí
Quem diga que o amor
É bicho raro…

Há por aí
Quem lhe chame paixão,
Desejo ou alento…
Mas que sabem os loucos
Que não veêm mais que um corpo
Esbelto, suado, sofrêgo,
Uma máquina de orgasmos
Que lhes tira o folêgo?!

Há por aí
Quem sobreviva de espasmos,
Vibrações e ilusões,
Sem conhecer
Mais do que o bicho “mau”…
O bicho “mau”
Que não é sentimento
Mas, afinal, momento,
Fruto de instinto animal!

Há por aí
Quem diga que o amor
É bicho raro…

Há por aí…
Quem não perceba
Como é caro,
Como é sarro
Para se coçar,
Chamar nomes feios
A simples devaneios!!

Há por aí
Quem diga que o amor
É bicho raro…

E talvez o seja…
Bicho… Bicho raro!!

quinta-feira, julho 13, 2006

115. Sei... não sei... Sonhei...


O canto da garça
É o eco da tua voz...
Quando ao fim da tarde
Embacias o ar com a tua graça
E me deixas mudo.
E se hoje recordo,
E se hoje não posso,
Houve um dia em que não foi assim,
Mas tu deixaste-me partir
Ou se calhar quiseste fugir.

Refrão:
Já não sei,
Talvez nem queira saber
O que fui quando me tocaste...
Porque hoje sei...

Parece terem passado séculos
E foi ontem que o teu olhar,
O teu abraço senti envolver-me...
E se te deixei ir,
Sem deixar de sorrir,
Foi porque estava cego...
Tão cego!! Tão cego...
Talvez cego de amor e dúvida.

Refrão:
Já não sei,
Talvez nem queira saber
O que fui quando me tocaste...
Porque hoje sei...

Não há luar mais belo,
Nem praia mais linda,
Do que aqueles
Onde mora o meu sonho
Chamado… esperança.
Talvez os nossos caminhos,
As nossas vidas se cruzem…

Refrão:
Já não sei,
Talvez nem queira saber
O que fui quando me tocaste...
Porque hoje sei…

Sonhei… sei… não sei… Sonhei…

O desafio de escrever letras de músicas, lançado por um amigo deu alguns resultados, um deles aqui partilhado!

segunda-feira, maio 22, 2006

114. E pronto!!




A casa é amarela, se calhar até é branca encardida pelo tempo mas pronto… o céu está mais azul do que nunca e o sol mais forte que em qualquer outro dia. O que mais se poderia dizer do fim de tarde em que Marta se aventurou pela avenida, sem horário a cumprir nem destino definido?!

Marta tinha pouco mais de vinte anos, o cabelo longo, ondulado e castanho, os olhos amendoados e a tez escurecida pelas muitas horas passadas na praia da Baforeira, porque sim e porque é sempre “bem”. Vivia numa dos degradantes bairros da Reboleira mas quem a via, baseando-se na aparência com que se exibia diariamente, certamente que a imaginaria num dos condomínios privados da linha de Cascais ou até do centro de Lisboa. Jamais acreditaria que dividia o seu quarto com duas primas e a “casa” com os pais, os tios, os primos e os avós. O trabalho como secretária valia-lhe uma remuneração que sustentaria uma família mas isso não lhe chegava. Talvez por isso não era raro vê-la submergir nas ruas do Bairro Alto, meter conversa com os estrangeiros a quem calorosamente surripiava um par de notas a troco de calor humano. Talvez o fizesse por prazer ou talvez fosse uma forma de compensar o amor que nunca encontrara, a paixão que tardava. Marta era assim e pronto!! Explicar para quê?! Gostava do sexo descomprometido, do dinheiro que recebia, de frequentar os hotéis mais caros de Lisboa e os bares mais “In”. Se a família desconfiava do que se passava nas noites em que se ausentava também ninguém comentava e como poderia se a promiscuidade começava em casa

Desde cedo percebera que não tinha um lar dito “normal”.

Tinha 10 anos quando pela primeira vez soube o que era estar menstruada. Assustada recorreu à mãe que enigmaticamente lhe explicara que passara a ser uma mulher e que havia coisas que deveria aprender sobre homens e mulheres.
Uma semana depois de acordar com o sangue a escorrer-lhe pelas pernas estranhou quando o pai a chamou à sala. As crianças nunca entravam lá quando os adultos se reuniam depois do jantar. Iam dormir, não faziam perguntas e pronto… quanto muito ouviam os gemidos, as respirações alteradas, riam-se no silêncio do quarto e perguntavam umas às outras o que estariam a fazer os “crescidos”.

Nesse dia o tio sentou-a no colo e cada um dos presentes dedicou-lhe uma atenção especial. Sem compreender porquê explicaram-lhe o que significavam as alterações que o seu corpo tinha sofrido e que deveria preparar-se para descobrir um prazer diferente daquele que sentia quando brincava com as bonecas, ouvia música ou lia um livro.

Depois disso tudo tinha acontecido de forma surreal… Avaliaram o seu corpo como um pedaço de carne pendurado no talho, tocaram-lhe o peito pequeno e roliço e esfregaram os dedos grossos no seu sexo até ficar inchado. Só pareceram satisfeitos quando a ouviram soltar um pequeno gemido. Ao contrário do que pensaram não era de prazer mas de dor… uma dor que ia além do físico que atingiu o clímax quando o tio a penetrou lentamente, diante dos risos e olhares irónicos de cada um deles. Sentira vergonha, dela, do seu corpo e de pertencer àquela família.

Com o tempo habituara-se àqueles rituais e aprendera a ter e dar prazer mas perdera completamente a esperança de descobrir um amor como o dos livros e filmes românticos que lhe enchiam a mente de sonhos.

Cresceu e pronto!

Viciou-se em prazeres carnais, apurou a imagem e passou a viver uma vida dupla e excitante onde os valores morais não existiam.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

113. As cores da memória

A tela em branco entorpece o sono.
Solta-se o corpo e a mente.
O pincel desliza sobre o linho
Com destreza e carinho.
Suspiro consciente...
Do irresistível fascínio que me submete,
A esta sede de vencer a realidade
E retratar o sonho.

Amarelo,
Azul,
Vermelho...

Nasce o velho,
O corpo dobrado, contorcido sem dor,
Num movimento estático
De quem sabe ter vida e cor!

Verde,
Laranja,
Violeta...
Insinua-se o perfume,
Flui pelo ar...
Até inebriar cada recanto da redoma
E me hipnotizar como um mago.
Rolo... enrolo a espátula e dou-lhe textura...

Preto...
Negro como carvão,
O chão frio de xisto.

Estendo a mão,
Cerro os olhos...
Imagino que não existo
E que a única realidade é aquela...
Um quadro multicolor cheio de vida
quase sinto o calor
Das chamas que do chão brotam

Se a morte o tivesse poupado
E não me tivesse roubado esse ser tão amado.

domingo, janeiro 29, 2006

112. Vibrações


Descem os dedos esguios pelo rosto,
Chega a noite mansa e terna
E no ar a música flui como magia!
Poderá ser o último dia,
Ou o primeiro...
Quem saberá?!
Vibro ao ritmo dos acordes
Como se o corpo não fosse comandado pela mente
E dos olhos, janela aberta, espreita a emoção!

Rio. Rodopio. Mãos nas mãos.
Cálida como carícia, a respiração.
E nela me perco, sem me querer encontrar.
Esboço um tímido sorriso,
Ao mesmo tempo que quero ser,
Ao mesmo tempo que sou,
Voragem numa tarde de Outono
Vivaz e ansiosa...

Feliz aprendiz de feiticeira que não sou,
Abraço a vida com a fúria dos lutadores
E a calma pacata dos que têm o dom de saber aguardar...
E sorrio... desafio os segundos ou os minutos a passar,
Porque me aproximo,
E aprendi a acreditar... confiar,
Na onda que me devolve à praia,
Na voz secreta e misteriosa que me fala de ti!

terça-feira, janeiro 24, 2006

111. Saudade menina


A saudade é já menina
Quando os teus olhos brilham
E as palavras se quedam sufocadas
Nos lábios que insistem em sorrir.

Dentro de mim a doçura
Desprende-se da rebeldia do coração
E mesmo sem querer...
o carinho...
invade cada recanto da nossa essência e transborda...
num abraço que antecipa não a despedida mas o até já...
E se reparo que as mãos te tremem,
E se reparo que os traços do teu rosto
Procuram mascarar a emoção,
É porque os acordes que o silêncio nos devolve
são reflexo da sintonia do momento...

Inegável!

Inegável a empatia,
A partilha mágica do sorriso
ou o saber que por instantes
A única vibração palpável
Foi aquela que brotou,
Alheia a olhares indiscretos e incrédulos,
Sincera, suave e intensa,
Tão muda quanto gritante,
E que ecoou muito depois de teres ido...
Muito depois de ter acontecido...
Aquela que só é possível quando se pressente
a saudade, estando presente!

domingo, janeiro 15, 2006

110. Exposição de Pintura


A noite ou o dia descem sobre a cidade inalando a essência do que nos move enquanto humanos errantes e racionais.
Fascinam-nos os tons azuis, verdes, vermelhos... do que nos cerca e vibramos com os acordes desta ou daquela música.
É das cores primárias à total saturação da cor, que damos meia-dúzia de passos que associados à denúncia dos sentimentos, emoções e da própria visão que cada um tem da vida, trazem à luz do sol ou de qualquer foco as pinceladas mais ou menos definidas do que vai na alma.
Retrata-se a vida, o conflito, a saudade, a nostalgia, a alegria, a fusão, a euforia... com definição ou não, mas com a mesma intensa imagem do que nos enche o coração e transborda para a tela.
De repente insurge-se a imagem do mar, a imensidão azul que nos seduz e provoca. Quantas vezes não nos envolve um tumulto de emoções e é nele que procuramos refúgio seja Verão ou Inverno?!
Nem só quando o Sol nos queima a pele se percorre a praia e se aproveita o fim de tarde para escapar à azáfama da cidade. Quem não gostará de um momento assim?! É partindo desta ideia que o Angel’s Bar, mesmo fora da estação balenear, nos habituou periodicamente a eventos que certamente a muitos delicia.
Localizado na praia de Carcavelos, assume-se como um espaço onde reina o dinamismo e a alegria.
"Único Cybercafé situado numa praia em Portugal, dispõe de dois pisos, sendo o superior um terraço com vista panorâmica e uma zona de solário apoiados com um bar. Tem, também, uma escola de surf com cerca de 300 alunos, uma escola de "Beach Tennis" que está em fase de início mas já com alguns torneios efectuados." No seu currículum conta já com inumeráveis exposições de pintura e fotografia, música ao vivo, concursos de bandas de covers e originais, passagens de modelos, sessões fotográficas, publicitárias e de promoções, festas temáticas e muitas outras actividades de entretenimento e lazer.

Até dia 10 de Fevereiro apresenta não só as habituais actividades musicais, ao sábado, mas também uma Exposição de Pintura.
Os quadros de autoria de Tino Amaro e Maria Nunes são uma mostra de diferentes interpretações dos sentimentos e emoções que invadem o quotidiano de cada um.

Os dois amigos reuniram alguns dos trabalhos que têm vindo a realizar e conjuntamente com o Angel’s Bar agradecem a sua visita.

domingo, janeiro 08, 2006

109. Códigos


Ter ou não ter mais nada
Que sete vidas em cada seis segundos
sem esquecer que os sonhos são tão profundos...
Doces e abstractos, como o destino.

Ter ou não ter mais nada
Que oito, talvez quatro, porções mágicas
Daquele que é o cintilante elixir... da caminhada,
E que afasta do trilho o negrume cerrado,
Que à noite tudo envolve.

Ah!! Ter ou não ter... mais nada
Que oito, cinco ou três...
Ou um único momento de felicidade...
Aquele em que decifrada a charada
Se conquista a sublime sensação
E se escuta embevecido a voz...

Ter ou não ter?! Mais?! Nada?!

A voz! O toque! A descoberta... ou o código!

quarta-feira, janeiro 04, 2006

108. Rio. Sorrio. Rodopio...


Rio, sorrio, rodopio,
E tal qual um navio,
navego ao sabor do vento,
apaixonada pela maresia,
amada pela cotovia.
Que venha a tormenta!
Não há onda que me detenha,
Nuvem que me abale!
Nada. Nada me sustenha!

A essência?! O Sol!

Rasgo a imensidão azul,
Bebo as gotas de orvalho e sinto-lhes o sal.
Embala-me o sonho,
Inebria-me o perfume a mar e continuo...
Rumo traçado, porto desafio,
crio, invento e num tresloucado delírio brinco.
Gozo as palavras que pronuncio...
E que guio por entre a sedutora bruma
Que vejo, que beijo... quando se impõe o silencio.

A alegria é plena, intensa e profunda
Neste segundo, neste minuto, nesta hora,
Em que já nada lembra do ano que findou...
E tudo é ânsia de viver o novo que chegou!

Rio, sorrio, rodopio...
E sem conseguir quebrar o encanto
Ergo a fronte
Estendo o olhar para lá do horizonte
Desenhando no ar o pronúncio anunciado...
do que é mais que vazio...
que chega tão manso e discreto,
Como a pena que acaricia a folha de papel
Ou aquele olhar,
Quieto,
Penetrante,
Feito de promessas e de mel,
Que tarda mas não foge!

Rio. Sorrio. Rodopio e acordo!
Como é bom estar aqui! E aí!





Este poema, escrito numa daquelas horas em que a noite já vai longa, é uma tentativa de vos desejar um Feliz 2006... cheio de sonhos, alegrias, força e muito sol a abrilhantar os dias! Espero de algum modo ter passado a mensagem.

Aproveito, ainda, este apontamento para vos comunicar que não desisti de escrever o romance "Os laços e as sombras", simplesmente não continuará a ser editado no blog. Se pretenderem ler os capítulos que se seguem agradeço que me comuniquem enviando um email para exerciciosdeescrita@sapo.pt. Periodicamente enviarei a continuação.

Obrigada a todos.

Um beijinho e até breve.