quarta-feira, novembro 26, 2008

136. Ouvi dizer...



Ouvi dizer, num local que já não lembro,
Que na vida nada acontece por acaso
E, hoje, aqui e agora, são as palavras que relembro
Porque me sinto acordar e ao sonho dar azo…
A vida é bela e o sorriso, no rosto estampado…
A força que vem do mais profundo do ser,
Algo como uma luz, uma chama viva,
Que nem o sopro do vento poderia ter apagado!

Ouvi dizer tantas frases sem nexo,
Outras tantas sobre o ser complexo
E todas elas, agora, ganham um sentido…
Como se ganhassem alma,
Ou terei sido eu que finalmente olhei para lá do mundo
E descobri uma imensa calma?!

Ouvi dizer coisas que me tocaram fundo,
Descobri que pensamentos e palavras…
Não são brisa mas algo concreto
E numa outra dimensão tão palpáveis…
Como um bloco de papel…
Onde escrevo, onde debito, onde decreto…
O que será o presente… ou o futuro!

Basta de viver no passado!!

Já lá vai o que teremos amado ou desprezado…
Resta a aprendizagem!

Porque somos tão hipócritas
Ao fechar os olhos e não querer ver…
Que somos muito mais do que um corpo?!
Porque não ouvimos dizer o quão belos são os sonhos
E os discursos são, na sua maioria, medonhos?!
Porque não vivemos as pequenas alegrias,
Para poder melhor saborear o que depois chegará…
Como fruto do sonho de muitos dias?!

Ouvi dizer, num local que já não lembro,
Que na vida nada acontece por acaso…

Sorrio, rio… giro em torno do sonho
E regresso como uma Fénix…
Envolta num manto lilás…
Numa infinita e fantástica paz
De quem sabe ter vencido o sufoco do tempo…
Da maldade nua e crua de espíritos menores
E libertado as amarras de um karma que a si não pertencia…

Ouvi dizer, num local que já não lembro,
Que na vida nada acontece por acaso…

A vida é bela!! Haja alegria…

segunda-feira, novembro 17, 2008

135. Hoje sou muito mais


Hoje sou muito mais…
Que a visão que ontem fui
E se amanhã aqui não estiver…
É porque a vida me importa
E o sonho, neste dia, não se dilui!
Afinal, sem saber se é fantasia…
Ou simples realidade…
Deixo-me contaminar pela alegria,
Por esse doce movimento de verdade…
Do que sou… e sempre serei!
Se um dia o puderes aceitar
Então, aí, talvez me possas amar!

Sim! Hoje sou muito mais…
Que a visão que ontem fui…
E se da minha vida sais
É porque o amor não flui
E assim nunca poderás ver…
A dimensão do que há por detrás do rosto…
Sim! O que sou… o que sempre serei…
Está muito para lá do que vês,
Até do que poderás entender…
E só com um olhar alargado
Me roubarás aquele sorriso,
Ou aquele suspiro tão revelador
Na certeza de que és amado!

Hoje sou muito mais…
Hoje sou consciente desta força,
Deste querer que me leva a abraçar,
Mais que o teu corpo,
Mais que o momento,
Mas a própria vida para além deste tempo!

Hoje… sou muito mais!!
Sim! Hoje sou o que sou… o que sempre serei…

domingo, abril 20, 2008

134. Dividida entre duas cidades…


Dividida entre duas cidades
Numa fuga que é regresso
Num regresso que é fuga…
Rasgou-se o coração em duas metades
Fruto de sonhos de outras idades
Que agora me parecem mais presentes
Do que realmente ausentes…
E se ontem a voz era murmúrio
Hoje é um grito que se solta…
Já longe, tão longe, do rio…
Mas perto, tão perto, dessa volta…
Que a vida dá como se fosse uma roda!
Cerro os olhos, inspiro o ar frio,
Rodopio sem sair do mesmo lugar,
Ou perder o norte ou o sul,
Certa de que não sei viver sem amar…
Essa terra e esse mar…
Opostos, distantes e tão assentes em mim!
Ficar ou partir será sempre perder
Um pedaço do que sou afinal!
Sucedeu pouco a pouco descobrir
Que a vida é mesmo assim…
Algo de que não consigo escapar
Sem deixar de acreditar e lutar!
Por mim, por ti
Mesmo que só depois de renascer…
Te possa voltar a abraçar…
Nessa terra que um dia nos viu…
Inventar uma história real de amor
Que o vento não conseguiu abalar!!
Dividida entre duas cidades
Numa fuga que é regresso
Num regresso que é fuga…
Rasgou-se o coração em duas metades…

Dividida entre duas cidades…

terça-feira, março 04, 2008

133. Raio de Sol


Desci a calçada de granito
Para entrar no teu mundo
Quiçá sonhar… no fundo…
Com a gaivota que solta o grito,
Com a imensidão que não vejo…
mas que subsiste no tempo do meu desejo!

Ousei um olhar ao rio…
O suspiro é profundo
E eu apenas sorrio,
Mesmo ali onde não avisto o mar…
E sustenho segundos que não confundo!
Deixa-me sonhar!
Não quero que digas nada!
Não preciso de qualquer palavra,
Só daquela sensação de ser esperada
Numa história onde nada lavra…
Que não seja a magia de sentir
Que não seja o não querer fugir
E, por favor, não sorrias…
Como quem adivinha pensamentos,
Como quem não os partilha!
Se antes, talvez ontem… o não sabias…
Hoje são outros os argumentos
De que reza a cartilha
E bem sabes que nada me detém…
Onde não quero estar,
Onde nada posso encontrar!

Hoje, desci a calçada absolvida…
Da redoma, do claustro, do cárcere,
Para inspirar o aroma a vida…
Como quem se liberta de tudo o que lacere
E o que poderia ser um encontro…
Foi tão somente um reencontro…
Daqueles que só os amantes mantêm…
Seja noite, seja dia,
Certos de que é o mais importante que têm…

Eu e tu…
A maré e o farol!
Um sorriso e um raio de sol…

domingo, fevereiro 17, 2008

132. Almas Gémeas


Domingo…

O sol escondeu-se atrás das nuvens e nenhum de nós o avistou ou terei sido apenas eu que hibernei no aconchego da casa?!

Seja como for, atrevi-me, enquanto não vencia a preguiça momentânea, a debruçar a minha atenção sobre um tema já muito debatido e na maior parte das vezes de forma incorrecta: Almas gémeas.

A muitos ocorrerá a imagem de duas pessoas apaixonadas, unidas por uma sublime sintonia, no entanto a outros, mais informados, apenas se afigurará uma outra baseada num conhecimento impar. Esta última é certamente a que mais se coaduna com a Teoria Monádica, proposta por Joshua David Stone, em que a alma se divide em 12 extensões que experimentam a matéria e por sua vez são as apelidadas de almas gémeas.
Muito mais se poderia escrever sobre esta teoria mas o cerne da questão que me levou a escrever meia dúzia de palavras sobre ela é apenas aquele que nos elucida sobre o dispare que existe entre o mito e a realidade.

O conceito de que Alma Gémea é o grande amor, por muito que nos faça sonhar, terá de ser desmistificado se quisermos ser menos utópicos, já que na realidade todos nos poderemos cruzar com uma que se apresente nas nossas vidas sob outra configuração: um familiar, um amigo, um conhecido…

Uma Alma Gémea poderá não ter por missão fazer-nos acelerar o coração e até poderá ser aquela que nos faz sentir o calor do inferno. Na verdade não importa a relação mas a mais-valia que a sua presença nos trará para evoluirmos e nos conhecermos melhor.

Apesar de tudo, o ser humano prefere continuar a acreditar que a Alma Gémea é aquela que nos retirará o peso da solidão e nos haverá de devolver o mais largo dos sorrisos…

Domingo…

A chuva cai lá fora e só o sei porque espreitei pela janela, não cerrei os olhos e me atrevi a deixar fluir o momento.

O dia passa e o pensamento fica: Há amigos que são Almas Gémeas…

domingo, fevereiro 10, 2008

131. O destino e o tempo


Como num passo de salsa,
Ou como em todas as coisas,
Que não encontramos num catálogo…
Eu aqui e tu ai, num mudo diálogo,
Em que dançam apenas os nossos olhos
Quando do ombro desce a alça,
E, como num filme a branco e negro,
O vinho e o sangue se confundem.
Hoje demos por terminado o dia
Em que as palavras se fundem…
Numa meia verdade que nos assedia
E os corpos se refundem
Numa timidez que sem ser falsa,
Já não nos faz falta.
Como num passo de salsa
Todo ele calor e sensualidade,
As mãos cruzam-se,
As faces roçam quentes e suadas
E nem o branco nem o negro
Nos embala o pensamento…
As cores usam-se e abusam-se
Sem necessidade de ser condenadas!
É nesta fúria, fúria dos sentidos,
Que urge o momento
Em que o encontro…
Sucede ao desencontro
E se nos toma o tormento
Em que razão se contrapõe ao coração,
Também nos assola a vontade
e tudo quanto nos há-de juntar
como um dia nos fez sonhar!
Eu aqui e tu ai, num mudo diálogo,
Como num passo de salsa,
Movidos ao ritmo de algo intenso,
Intemporal, quase irreal…
Que o destino quis suspenso
E o tempo eterno!

Eterno como só o amor pode ser!!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

130. Olhares (sobre o rio)


Sem olhar para trás,
Sem ocultar o que a vida nos trás,
Quando te vejo, sorrio
E perco-me na profundidade do rio!!
Queimo por dentro!!
Só uma palavra tua,
Um pequeno esboçar de lábios
E já me sinto ir pelo mar adentro
Como se abraçasse a lua
E comandasse mil navios…
Tento ou intento manter a calma!
Nada do que sinto faz sentido
E menos nexo têm as palavras
Mas a culpa é desta minha alma…
Que se move num sonho perdido
E em terras que não lavras!
Sou como um animal selvagem,
Cativo da doçura do teu olhar
E de fúria libertada por ver cair o céu…
Que significa esta viagem,
Impossível de esquecer na minha fradgilidade?
Porque te deixo escapar
E cubro o coração com opaco véu
Que tinge de negro a verdade?!
Aqui estou, afogada em duvidas,
Dividida em duas vidas
Entre o ficar e o partir,
Como se afinal só quisesse fugir
Deste meu coração latino
Que me traz em desatino…
Porque me derrota o saber
Que o meu é também o teu… querer!!

Sem olhar para trás,
Sem ocultar o que a vida nos trás,
Quando te vejo, sorrio
E perco-me na profundidade do rio!!

O nosso rio...