55. Outro ser
Natália tem 30 anos, uma vida de que gosta e meia dúzia de sonhos que lhe moldam a rotina dos dias.
Escreve como quem respira.
Nas palavras encontra o expoente máximo do seu ser e outra coisa não saberia fazer, quando as horas ditas mortas chegam. Instantes, em que não lhe é permitido evadir-se até à praia... ou por entre rochedos, aventurar-se na descoberta de novos percursos pedestres.
É apontada como solitária e, ainda assim, não lhe faltam amigos... O porte frágil e franzino, a voz calma e doce, e uma atitude simpática garantem-lhe a imagem de serenidade com que os amigos a vêem.
Gosta de se imaginar feliz porque, realmente, o é! Sem euforias desmedidas, alegrias repentinas mas, também, sem dúvidas ou mágoas demasiado enraizadas a valer-lhe ressentimentos negativos.
Os sonhos brotam, do mais íntimo da sua essência, fazendo-a almejar não um fútil reconhecimento público mas um outro... fomentado pelo cunho, pessoal e intenso, da sua mão ao deixar impresso nos relatos escritos que vai partilhando com os outros, um pouco de si.
Sentada, aqui e ali, saboreando o aroma, tão apreciado, do café enquanto um meio sorriso, distante e misterioso, se abeira dos seus lábios, vai escrutinando aquele destino que pretende como seu.
Natália tem 30 anos... e na escrita o expoente máximo do seu ser!
Pensamento solto
Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído.
Marguerite Duras
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